O Brasil é eneacampeão da Liga Mundial de vôlei masculino. Neste domingo, em final disputada em Córdoba, Argentina, o time comandado pelo técnico Bernardinho superou alguns momentos de "apagão", venceu a Rússia por 3 sets a 1 (25-22, 25-22, 16-25 e 25-23) e acrescentou mais um troféu a sua vasta lista de conquistas.
O êxito deixou a seleção brasileira como maior vencedora de Ligas Mundiais na história. Até então, o recorde de oito títulos era dividido com a Itália, que levantou a taça pela última vez no ano 2000.
Para vencer o jogo desta noite, o Brasil precisava driblar o fortíssimo bloqueio russo, arma que a seleção europeia mostrou em todos os jogos da fase final. E com exceção do terceiro set, justamente o único vencido pelos europeus, o time verde-amarelo fez sua lição, sobretudo pela boa performance de Marlon. O técnico Bernardinho resolveu promover a entrada do levantador logo de início, já que Bruninho não vinha se apresentando bem nas últimas partidas. Com o novo titular, a seleção teve variedade muito maior de jogadas e, embora os centrais tenham sido pouco usados, os atacantes pelas pontas deram conta do recado.
Além de Marlon no lugar de Bruninho, Bernardinho foi obrigado a utilizar Théo em substituição a Leandro Vissotto, já que o oposto sofreu uma torção no tornozelo na semifinal contra Cuba. E o novato não substituiu, sendo um dos maiores pontuadores da final.
O time titular ficou completo com Murilo e Dante, Lucão e Rodrigão, além do líbero Mario Jr. Ao longo do jogo, também entraram o próprio Bruninho, João Paulo, Sidão e Giba. Na Rússia, a novidade foi o retorno do ponteiro Berezhko, que ficou fora dos últimos dois jogos por lesão. O time teve ainda Grankin e Mikhaylov, Biryukov, Volkov e Muserskiy, e o líbero Kazakov. Ainda entraram Poltavskiy, Makarov, Krasikov e Kazakov.
Esta foi a quarta vez que Brasil e Rússia decidiram o título da Liga Mundial. Os europeus venceram apenas uma vez, em 2002, enquanto os brasileiros triunfaram em 1993, 2007 e agora, 2010.
Ainda neste domingo, a Sérvia virou pra cima de Cuba, venceu por 3 sets a 2 e faturou a medalha de bronze.
O jogo
A Rússia saiu na frente no primeiro set com 2-0, em dois erros brasileiros, mas logo o Brasil empatou e virou a partida em um ataque rápido pelo meio com Rodrigão. Mostrando maior variação de jogadas do que Bruninho, Marlon distribuiu as bolas entre as pontas e o meio-de-rede, usando muito também os ataques de fundo. Com isso, logo Dante e Théo se destacaram e levaram o Brasil a abrir quatro pontos (11-7). Os russos ainda conseguiram empatar (11-11), mas a seleção brasileira retomou a concentração, ignorou as infundadas reclamações russas com a arbitragem e começou a deslanchar, até fechar o set com 25-22 em um ataque de Murilo.
A boa performance brasileira na parcial inicial repetiu-se na segunda etapa. Os russos chegaram a abrir dois pontos de vantagem (5-3), mas a liderança europeia durou muito pouco. A seleção russa passou a errar demais no saque e até mesmo no contra-ataque, permitindo à seleção brasileira abrir dois pontos de vantagem (14-12). Marlon resolveu colocar Murilo no jogo, e com a variação do levantador com o ponteiro, Dante e Théo, confundiu o bloqueio russo. O Brasil abriu três pontos (22-19) e acabou fechando com 25-22 em um ataque de João Paulo, que entrara em uma inversão de 5-1.
A terceira parcial foi completamente atípica. Enquanto o Brasil sofreu uma queda muito brusca de rendimento, os russos cresceram no saque e, enfim, conseguiram encaixar sua principal arma, o bloqueio. Neste fundamento foram nada menos do que oito pontos, quatro deles consecutivos, e apesar de Bernardinho mexer no time (com as entradas de Bruninho, Giba e Sidão), a Rússia não teve dificuldades para fechar com fáceis 25-16.
Empolgados pela vitória no set anterior, os russos mais uma vez começaram melhor a quarta etapa, passando pela primeira parada técnica com três pontos de vantagem (9-6). Mas apesar de mostrar certa apatia, o Brasil não deixou os adversários deslancharem, obtendo a virada com dois ataques consecutivos de Dante e um erro de Mikhaylov (14-13). O bloqueio russo, porém, voltou a funcionar, e a equipe russa voltou a abrir quatro pontos (20-16). E quando parecia que o Brasil perderia o quarto set, a recuperação começou. Crescendo também no bloqueio, os comandados de Bernardinho foram chegando e conseguiram a virada em um paredão de Théo (21-20). As equipes passaram a trocar pontos até que, num erro de saque de Krasikov, o Brasil venceu com 25-23, assegurando a vitória.