Brasil aposta nas mulheres para ganhar medalhas

Mulheres representam 45% da equipe nacional nos Jogos do Rio.

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O número de homens na delegação brasileira que vai disputar os Jogos do Rio ainda é maior, mas são as mulheres que aparecem com mais chances de medalhas nos carros-chefes do Brasil.

"Veja judô, vôlei e vôlei de praia. Existe crescimento feminino e estamos felizes com isso. Também queremos equiparação de gênero", diz Jorge Bichara, gerente de performance esportiva do COB (Comitê Olímpico do Brasil).

O judô é o principal exemplo. A equipe tem três atletas entre as cinco melhores do mundo. Os homens, nenhum.

Nos últimos anos, também tiveram resultados mais expressivos, com uma campeã e um bronze na Olimpíada e uma primeira colocada no Campeonato Mundial.

As judocas que lutarão na Rio-2016 são as mesmas que atuaram em Londres-2012. É a primeira vez que isso ocorre com o time do Brasil.

"A gente tem equipe jovem, mas muito rodada. Estão no terceiro ciclo olímpico", diz a técnica da equipe feminina, Rosicleia Campos.

O salto do judô feminino aconteceu principalmente com a mudança de enfoque dos treinos. Antes, o trabalho delas era adaptado ao dos homens. Agora, tanto os treinos quanto o acompanhamento médico são especializados, com atenção especial às questões ginecológicas.

Outros carros-chefes da delegação, como vela, vôlei e vôlei de praia, também veem elas chegarem aos Jogos com melhores resultados do que eles. Nos sete esportes coletivos, três seleções femininas se destacam mais: vôlei, handebol e rúgbi.

As mulheres representam 45% da equipe nacional nos Jogos do Rio. Em Londres, a diferença era menor: 47%.

A ausência do time de hóquei feminino é um dos principais motivos para a queda.

Adriana Behar, gerente de planejamento esportivo do COB e única mulher no alto escalão da entidade, acredita que a virada deve acontecer em Tóquio-2020.

O comitê também aprimorou atenção às mulheres. Nos últimos seis anos, passou a estudar onde havia espaços para o crescimento dos atletas e equipes do país na busca por medalhas nos Jogos. As modalidades femininas se tornaram um dos alvos.

"Demos um foco um pouco maior no gênero feminino entendendo o cenário internacional", afirmou Behar.

O COB tem um programa em parceria com a ONU mulheres e o COI (Comitê Olímpico Internacional) que envolve meninas de 12 a 14 anos, em que são trabalhadas competências, alto estima etc.

O aumento da participação feminina e da atenção diferenciada às mulheres também tem se refletido em resultados de esportes menos disseminados. O principal nome da canoagem slalom, por exemplo, é Ana Sátila.

"No meu esporte, infelizmente, sempre fui a única menina do grupo. Viajava para as Copas sempre só eu de menina e sem mulheres na comissão técnica. Fico feliz que as meninas estejam crescendo", conta.

O rúgbi, tido como um esporte mais "masculino", também vê as mulheres se destacarem no ciclo de sua reestreia nos Jogos. Segundo a atleta Edna Santini, há hoje no Brasil mais apoio ao feminino do que ao masculino.

Nas dois últimos Jogos, as brasileiras ganharam menos medalhas do que os homens, mas foram responsáveis por mais ouros. Pequim-2008 teve o primeiro título de uma mulher em provas individuais, com Maureen Maggi no salto em distância, além do ouro do vôlei.

Em Londres, Sarah Menezes garantiu o primeiro ouro feminino do judô, e a seleção de vôlei, o bicampeonato.

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