Por uma boa parte do tempo, o desconhecido não se mostrou tão poderoso assim. Com quilos e quilos de história nas quadras pesando sobre os ombros, os jovens da seleção dos EUA nos Jogos Pan-Americanos, todos não aproveitados na NBA, foram engolidos pela equipe de Rubén Magnano até a metade do terceiro quarto. Com 17 pontos de vantagem, o Brasil, então, apagou. Ainda que tenha iniciado a última etapa à frente, cometeu erros em sequência e caiu para os americanos por 88 a 77.
Com o resultado, os EUA, com duas vitórias, garantiram a classificação para a próxima fase pelo grupo B. Assim como na Copa América, quando uma vitória garantiu a vaga nos Jogos Olímpicos de Londres, o Brasil vai precisar passar pela República Dominicana para avançar.
O jogo
Foi Murilo quem deu início à contagem, com uma bandeja no primeiro lance. A marcação forte dos EUA, porém, dificultou a criação do ataque brasileiro, que ficou duas jogadas sem acertar uma cesta. Os americanos, todos da D League, formada por jogadores que não foram aproveitados pelo draft da NBA, abriram 5 a 2, mas uma cesta de três feita por Nezinho deixou tudo igual. Na sequência, o armador errou um passe infantil, levando Magnano à loucura. O técnico argentino, então, mandou Benite para o jogo.
O Brasil seguia errando passes bobos e jogadas no garrafão. Giovannoni, em uma delas, desperdiçou uma bandeja fácil e permitiu o contra-ataque americano, com o ligeiro Jerome Dyson. O jogador do Brasília, porém, respondeu na sequência, com uma cesta de três. Murilo marcou mais dois pontos, e o Brasil abriu 12 a 7. Os EUA voltaram a encostar, e Magnano voltou a colocar reservas como Bruno Irigoyen e Guilherme Hubner em quadra.
No fim do quarto, os EUA aumentaram a pressão com Moses Ehambe, um dos melhores do desconhecido time americano. Os EUA chegaram à virada em dois lances livres de Blake Ahearn. O Brasil ainda tentou um último lance, mas o arremesso de Giovannoni bateu na tabela, no aro e não entrou: 19 a 18 no zerar do cronômetro.
Na primeira jogada do segundo quarto, Benite, com uma cesta de três, recolocou o Brasil à frente do placar. Em um contra-ataque rápido, Nezinho, em nova cesta de três deixou o Brasil com 24 a 22.
O Brasil seguiu melhor no jogo e abriu sete pontos de diferença com Lucas Alves e Davi Oliveira e apenas Marcelinho do time titular. Uma falta antidesportiva de Brian Butch colocou Nezinho duas vezes na linha de lance livre, aumentando a vantagem para nove pontos. O Brasil voltou a errar dois ataques em sequência, enquanto os EUA acertaram um arremesso de dois pontos e uma outra cesta de três, com Jerome Dyson. A diferença caiu para quatro pontos, mas uma cesta de Benite, no último segundo, fechou o primeiro tempo com 38 a 32 para o time de Magnano.
Uma cesta de três de Marcelinho ampliou a vantagem brasileira logo no início do quarto. Pouco depois, Murilo conseguiu dois pontos e ainda sofreu a falta, muito comemorada pelo time. Na sequência, um lance inusitado: sem ninguém que limpasse a quadra, Nezinho pegou um pano com o juiz e ele mesmo enxugou.
O Brasil seguiu melhor. Murilo em bela enterrada após passe de Marcelinho, e Nezinho, em arremesso dentro do garrafão, abriram 48 a 34 para os brasileiros, muito aplaudidos pela torcida. A seleção chegou a empolgar a torcida e abrir 17 pontos. Em bela infiltrada, Benite fez a bandeja e ainda sofreu a falta, convertendo o lance livre na sequência.
Brasil dorme em quadra, e rival vira
Os EUA iniciaram a reação no fim do terceiro quarto. Diminuíram a vantagem brasileira para oito pontos, muito por um apagão ofensivo da seleção. A coisa piorou quando Justin Dentmon voou em contra-ataque, fez a bandeja e ainda sofreu a falta, convertendo o lance livre na sequência. Ainda assim, o Brasil foi para o intervalo com 61 a 56 no placar.
Os americanos viraram o marcador logo no início do último quarto. Uma cesta de três, acompanhada por um arremesso e um lance extra convertidos por Marcus Lewis levaram os EUA a 62 a 61. A seleção seguiu errando, e, sem marcar pontos, os rivais abriram cinco de diferença, a sete minutos do fim.
À beira da quadra, Rubén Magnano se esgoelava a cada erro brasileiro. Não adiantou. A seleção tentou arremessar de todos os jeitos, e a bola insistiu em não cair. A 1m04s para o fim, Marcelinho cometeu falta em Lance Thomas e os dois se desentendem, criando um princípio de confusão em quadra. Ânimos serenados, o jogo foi reiniciado e, mesmo sob vaias da torcida, os americanos se mantiveram à frente e definiram a vitória: 88 a 77.