Ninguém gosta de perder, imagine então o multicampeão Bernardinho... O treinador do Rexona-Sesc/Rio de Janeiro, que acaba de abocanhar seu 12º título da Superliga, sabe que sua equipe terá extrema dificuldade para repetir o filme no Mundial de Clubes, de 9 a 14 de maio, em Kobe, no Japão, para onde viaja amanhã. Esse é o único título que lhe falta na longa lista de conquistas, com destaque para as duas medalhas de ouro olímpicas, uma delas no Rio-2016.
O Rio terá como rivais os melhores times do planeta, como o campeão europeu Vakif, de Istambul, Turquia, cujo elenco é uma verdadeira constelação, e o atual bicampeão mundial Eczacibasi, também de Istambul. Oito equipes, em dois grupos, jogarão entre si, e apenas as duas melhores de cada avançarão às semifinais.
Três clubes brasileiros já foram campeões mundiais no feminino. O campeonato foi realizado pela primeira vez em 1991, em São Paulo, e o Sadia ganhou. Em 1994, o Leite Moça, com sede em Sorocaba, conquistou o título derrotando o Parmalat/Matera, da Itália, em torneio realizado em Osasco, com Ana Moser como MVP. E em 2012, o Sollys/Nestlé subiu ao topo do pódio vencendo o Rabita Baku, do Azerbaijão, campeão de 2011, com Sheilla eleita a melhor jogadora da competição.
Bernardinho, de 56 anos, ficou desconfortável quando questionado sobre um torneio que não deve ganhar e, ao mesmo tempo, emotivo quando admitiu que ainda assimila a falta que a seleção brasileira lhe faz. Em um evento do Sesc, na última semana, ele deu entrevista mas se recusou a falar sobre política — especula-se que será candidato a governador do estado. Revelou, porém, que tem planos para trabalhar na área acadêmica, dar aula em universidades, e que seu segundo livro, em parceria com João Máximo, está prestes a ser lançado.
“Transformando suor em ouro” (2006) fala sobre liderança tendo como pano de fundo a geração de Giba, Gustavo, Ricardinho e Serginho, campeã olímpica em Atenas-2004 e mundial na Argentina, em 2002. No livro, Bernardinho continua essa história até a conquista do ouro no Rio-2016.
E já que terá férias inéditas no meio do ano, contou parte de seus planos, como a disputa de três provas de ciclismo, de cerca de 160 quilômetros, e, quem sabe, um meio Ironman (1.9 km de natação, 90 km de corrida e 21.1 km de corrida). Para isso, porém, terá de convencer seu médico.
TRISTEZA PELA SELEÇÃO
“Quando o Mundial terminar vou buscar outros objetivos, tenho mil desafios. Renan dal Zotto (novo técnico da seleção) sabe que poderá contar com a minha ajuda. Conversamos há uns 10 dias e foi ótimo. Mas, nesse momento, prefiro ficar um pouco longe porque dói não estar ali. A seleção não é minha. Ninguém é dono. Dei minha contribuição. Mas, quando paro e me lembro dos atletas que tive de cortar das Olimpíadas... Não quero viver isso de novo. Estou de luto. É normal ficar de luto quando se termina uma relação. Tenho que passar pelo luto, sem dramas, ‘keep working’.”