O julgamento do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), foi interrompido nesta segunda-feira (10) após o auditor Marco Aurélio Choy pedir vista do processo. Com isso, a sessão será retomada na quinta ou sexta-feira, em data ainda a ser confirmada pelo tribunal. O jogador esteve presente na audiência, mas segue liberado para atuar, graças ao efeito suspensivo concedido no início de setembro.
No momento da interrupção, Bruno Henrique havia recebido um voto favorável. O relator do caso, Sérgio Furtado Filho, votou pela absolvição no artigo 243-A, que prevê até 12 jogos de suspensão e pela punição apenas no artigo 191, com multa de R$ 100 mil e sem suspensão de partidas.
Defesa argumenta ausência de manipulação
O advogado do Flamengo, Michel Assef, reforçou a tese de que não houve manipulação de resultado nem infração grave. Segundo ele, a punição prevista no artigo 191 seria a mais adequada.
“O relator entendeu de afastar os artigos 243 e 243-A e aplicar o 191, que era uma das teses subsidiárias da defesa. Ficou muito claro que nada artificial foi praticado para favorecer alguém fora do campo”, explicou Assef.
Ele também reiterou que o cartão amarelo tomado por Bruno Henrique em jogo contra o Santos, em novembro de 2023, não prejudicou o Flamengo e fazia parte de uma estratégia comum no futebol.
“Forçar cartão amarelo não é uma atitude antiética. A finalidade não era alterar o resultado da partida, mas administrar cartões para seguir disponível em jogos decisivos”, completou o advogado.
Acusação e contexto da denúncia
Bruno Henrique foi denunciado por supostamente forçar um cartão amarelo e beneficiar apostadores, entre eles o próprio irmão, Wander Nunes Pinto Júnior. A acusação surgiu a partir de mensagens trocadas entre ambos, que foram encontradas em uma investigação da Polícia Federal.
Em abril deste ano, o atacante foi indiciado por fraude esportiva com base no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que prevê pena de dois a seis anos de prisão. O caso ainda tramita na Justiça comum, de forma paralela ao processo desportivo.
Durante a investigação, a PF apontou movimentações atípicas de apostas relacionadas ao cartão amarelo de Bruno Henrique. O jogador, no entanto, nega qualquer envolvimento em manipulação de resultados.
Pedido de prescrição negado
Antes da análise do mérito, o tribunal rejeitou o pedido de prescrição da defesa por 9 votos a 0. A argumentação dos advogados era de que a Procuradoria do STJD teria ultrapassado o prazo de 60 dias para apresentar denúncia após a abertura do inquérito.
A Procuradoria, por sua vez, alegou que não havia inquérito formal aberto no período mencionado e que a Justiça Desportiva não dispõe dos mesmos meios de investigação da Justiça comum, o que inviabilizaria a apuração imediata. O pedido foi negado, permitindo a continuidade do julgamento.
Próximos passos
Com o pedido de vista, o processo deve ser retomado ainda nesta semana, quando os demais auditores votarão e definirão o futuro do atacante. Quatro cenários são possíveis: absolvição, redução da pena, manutenção da suspensão de 12 jogos ou aumento da punição.
Enquanto aguarda o desfecho, Bruno Henrique segue à disposição de Filipe Luís para atuar pelo Flamengo. O Rubro-Negro volta a campo no sábado, em partida contra o Sport, pelo Campeonato Brasileiro.
“Vamos aguardar agora o resultado, o voto da vista e a continuação do julgamento”, concluiu Michel Assef, confiante em um desfecho favorável ao jogador.