A lembrança está viva na mente de Diego Hypolito. Mais de 20 anos depois, o ginasta recorda quando o treinador aconselhou sua mãe a mudar sua educação para que o jovem não se tornasse gay. O preconceito deixou marcas no vice-campeão olímpico, que hoje consegue falar abertamente que é homossexual. Último atleta a dar a cara a tapa perante a sociedade, ele não está sozinho, apesar de poucas vozes ainda o acompanharem no esporte. No Dia Internacional Contra a Homofobia, Diego se junta a Rafaela Silva (judô), Babi Arenhart (handebol), Carol Gattaz (vôlei) e Ian Matos (saltos ornamentais) em um debate sobre a relação entre o esporte e os atletas LGBTs. Informações do site Globoesportes.com.
"Falar sobre homossexualidade (no esporte) ainda é um grande tabu. As pessoas têm muito preconceito implantado nelas"
- A partir do momento que alcancei todos meus objetivos, já não tive mais medo de falar sobre isso, de ter uma represália, um problema que pudesse afetar meu sonho olímpico. Existe sim um medo, preconceito, mas a gente tem que quebrar essa barreira. As pessoas precisam ser felizes e respeitadas - diz o ginasta de 32 anos, que não levanta bandeira, mas por ter se afirmado gay foi alçado a uma posição de destaque na luta contra a homofobia.
Preconceito, medo, afirmação, aceitação e respeito. Um processo que cada pessoa enfrenta de uma maneira própria. Atleta olímpico dos saltos ornamentais, Ian Matos defende a causa com unhas e dentes, apesar dos desafios diários.
"Acredito que o maior medo que toda pessoa LGBT tenha ao sair do armário é a rejeição. É um medo que não deveria existir"
No Dia Internacional da luta contra a homofobia, atletas falam sobre o preconceito no esp
O PRECONCEITO
Diego Hypolito
"Tem algumas expressões que me marcaram muito. Chamar de bicha eu acho que é uma coisa que me ofendia muito. A questão de quando me fizeram ficar nu. Os próprios atletas mais velhos escreveram em três atletas pelados: “eu” e no outro “sou” e no outro “gay”. Isso é uma maneira de preconceito. Hoje em dia eu quero defender pessoas para que não passem o que eu passei".
Ian Matos
"Quando acabava a aula de natação, os meninos pediam pra pular da plataforma. As crianças todas iam bem animadas. Quando tinha algum garoto que não ia, que ficava com medo, todo mundo ficava falando: "Ah mulherzinha, viadinho..." O fato de as pessoas associaram a homossexualidade com uma coisa diminutiva, um sinônimo de medo, de fraqueza, aquilo ali de forma meio que inconsciente me afetava. São essas pequenas coisas que a gente normaliza que estão na nossa sociedade, mas que acabam afetando a pessoa que é LGBT."