Tite deixou Liverpool com um incômodo, que não foi o do primeiro tempo dominado pela Croácia no amistoso que a seleção acabou vencendo por 2 a 0 — gols de Neymar e Firmino. Sobre a equipe, Adenor Bacchi foi só elogios e ponderações. O desagrado, porém, se deu pela ação de um dos patrocinadores da seleção. No centro da questão, a iniciativa da Mastercard de doar 10 mil refeições a cada gol marcado por Neymar até 2020 — Messi, que também é pessoalmente patrocinado pela operadora, também está envolvido na ação. Na mira de Tite, uma guerra conceitual: um excesso de individualização, ao qual o técnico se opôs, dentro de sua filosofia coletivista.
O assunto começou no sábado e voltou neste domingo, logo depois da vitória sobre a Croácia: um repórter da empresa que presta serviços de vídeo à CBF perguntou a Tite sobre o gol do Brasil em Liverpool, embora foi justamente a entrada de Neymar que mudou o time: mesmo fora de forma, ele fez o primeiro gol da seleção, em jogada que escondeu a bola dos marcadores, entortando especialmente o lateral Vrsaljko, do Atlético de Madrid. E Tite não se fez de rogado.
“Para acontecer um gol, é preciso de tanto. É preciso passar por tantos pés e tantas mãos, tanto trabalho. É injusto colocar só em uma situação. O senso de equipe é mais forte. Queremos esse senso de equipe, sim. Daqui a pouco, algum vai ser o protagonista. Claro que o Neymar tem um talento individual extraordinário. Mas para construir o Neymar, tem que ter retomada de bola mais avançada, uma tabela curta, uma construção. Senão, fica assim: Faz tu, e tu é o cara. Ou então: perde e perde tu ou o técnico. O grande astro carrega isso e o técnico também”, comentou o treinador.