Para o meia Paulo Henrique Ganso e seu estafe não há mais clima para ele continuar no Santos. O fator decisivo foi a nota oficial divulgada pelo time da Vila Belmiro na última sexta-feira. O teor do comunicado foi o que irritou o jogador e seus representantes.
A nota oficial tinha como propósito encerrar as polêmicas sobre o jogador, que declarou na última quinta-feira que "gostaria de vestir a camisa do São Paulo". Na nota, o clube lamentou a declaração, já o atleta classificou o comunicado de "infeliz".
"A nota oficial foi uma coisa infeliz. Não deveria ter sido emitida. Só serviu para aumentar [a insatisfação da torcida], mas tento manter a cabeça boa e evitar a briga o máximo possível", avaliou Ganso após o clássico contra o Palmeiras.
"Querer permanecer, eu quero, mas tenho que ver essa situação. São coisas extracampo que acontecem e eu tenho de manter a cabeça tranquila. Tenho contrato para cumprir."
No entendimento de Ganso e de seus agentes, a carta colocou o jogador em maus lençóis perante a torcida santista. Segundo um amigo próximo do atleta, após o comunicado, o meia chegou até a receber ameaças.
Ganso recebe R$ 130 mil mensais no Santos, um dos valores mais baixos entre os titulares da equipe. Esse é um dos principais fatores pelo descontentamento, agravado agora com a ira da torcida --o jogador foi criticado pelos torcedores no Pacaembu.
A diretoria do Santos diz que a nota não teve o intuito de jogar a torcida contra Ganso e que, se algo fez isso, foram as próprias declarações do atleta e o grupo DIS. Aponta, aliás, que o presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro passou a tarde de sexta tentando demover a Torcida Jovem da ideia de protestar contra Ganso no clássico --sem sucesso.
No Campeonato Brasileiro de 2012, Gansou já atuou quatro vezes. Ou seja, está a duas partidas do limite para poder defender outro time nesta competição. O clube do Morumbi disse, no entanto, que não fará nova proposta pelo jogador.
DESVALORIZADO?
O interesse do fundo DIS em tirar o meia Paulo Henrique Ganso do Santos é tanto, que a empresa aceitou desvalorizar seu principal ativo em 52% em cerca de oito meses.
O valor de Ganso caiu vertiginosamente desde o começo do ano, isso nas contas da própria parceira do meia. Logo após a fracassada campanha no Mundial de Clubes, em dezembro, o DIS comprou 10% dos direitos do jogador que pertenciam a ele mesmo por R$ 5 milhões.
Assim, ampliou para 55% sua participação nos direitos do meia e se tornou majoritário --até então, tinha os mesmos 45% que o Santos. Por essa cotação, hoje teria direito a receber R$ 27,5 milhões por essa proporção. Os R$ 13,09 milhões que aceitou receber do São Paulo significam um decréscimo de 52% no valor do camisa 10.
O que atrapalha a conclusão da transferência de Ganso para o São Paulo é a exigência do Santos em receber os R$ 23,8 milhões a que tem direito por seus 45%. O clube do litoral se baseia no valor total da multa para o mercado nacional, que é de R$ 53 milhões.