Anderson tem chance de apagar mancha na carreira em luta histórica contra Sonnen

Em sua décima defesa de cinturão, Anderson Silva enfrenta a pressão de não apenas vencer o desafeto Chael Sonnen, mas convencer.

Anderson tem postura agressiva antes da luta contra Sonnen, com ombrada na pesagem. | Divulgação
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Na noite deste sábado, o brasileiro que é considerado o maior lutador de MMA de todos os tempos terá a sua reputação à prova. Em sua décima defesa de cinturão, Anderson Silva enfrenta a pressão de não apenas vencer o desafeto Chael Sonnen, mas convencer. Apenas uma vitória indiscutível apagará a mancha que o norte-americano causou em sua carreira no dia 7 de agosto de 2010. O desafiante ao título dos médios do UFC 148 foi o único lutador que conseguiu bater no campeão por 23 minutos, antes de ser surpreendido com um triângulo no quinto round.

Desde então, são quase dois anos de provocações cada vez mais incisivas por parte de Sonnen, que, de tanto falar, conseguiu o que queria: uma revanche histórica no combate mais esperado de todos os tempos no UFC. O norte-americano terá a chance de provar que merecia a vitória e que a costela quebrada de Anderson não passava de uma desculpa. Já o brasileiro não quer perder a oportunidade de mostrar que aquela luta foi mesmo atípica, além de calar o maior rival que já teve e confirmar sua tese de que o norte-americano é o "pior" desafiante que já enfrentou desde quando obteve o cinturão em 2006.

Foi o que Anderson alegou na coletiva de imprensa oficial do evento, na última terça-feira. "Ele ficou em uma posição em que, se eu tivesse ficado um segundo, acabava a luta", alegou o Spider, que tentou desqualificar o rival: "A gente não pode esquecer que ele caiu no doping, desrespeitou uma nação, é um cara indisciplinado, e o que ele falou sobre a minha esposa é crime aqui, então ele é um criminoso, ele caiu no fisco, e não deveria estar aqui".

Com esta declaração, Anderson resumiu tudo o que ouviu desde aquela tão contestada vitória no UFC 117. Enquanto o brasileiro revelou ter lutado com uma costela quebrada, o norte-americano foi pego no soping por uso de esteróides. Sonnen passou a provocar o Brasil e os lutadores brasileiros, dizendo, entre outras coisas, que não sabia da existência de computadores no país. No auge das provocações, sobrou até para a mulher de Spider: "Vou bater na sua porta dos fundos, dar um tapinha na bunda dela e pedir um bife, ao ponto, como eu gosto".

Na luta de sábado, como Anderson bem frisou, "a brincadeira vai acabar". O brasileiro mudou sua postura diante das provocações do rival e, depois de chamar Sonnen de "marginal" na teleconferência, mostrou agressividade desde a coletiva de imprensa, com um empurrão na encarada. Após a pesagem, o brasileiro chegou a agredir o norte-americano com uma ombrada.

A pressão é grande, afinal, um dos lutadores irá se consagrar, e o outro sofrerá a sua derrota mais marcante. No treino aberto de quinta, com menos holofotes, Sonnen deixou parte do personagem de lado e concordou com o fim da brincadeira: "No sábado, será o fim de tudo isso. Na coletiva, ele tentou me desqualificar de todo jeito, para não ter que lutar comigo. Ele é uma fraude e tem o cinturão que eu quero. Mas não desejo a ele uma vida ruim. Só quero fazê-lo sentir dor. Isso não tem nada a ver com respeito, tem a ver com vitória. Depois, vamos apertar as mãos de qualquer forma", afirmou Sonnen.

Se o norte-americano encarna o personagem para vender suas lutas, o brasileiro levou tudo isso a sério e explodiu na teleconferência da semana passada. "Ele vai apanhar como nunca apanhou. Tudo o que ele não apanhou da mamãe e do papai, ele vai apanhar de mim para aprender a respeitar o país dos outros?, disparou Anderson, causando surpresa até no presidente Dana White: "Nunca vi ele falando desse jeito".

Na hora, Sonnen ficou quieto. Já em Las Vegas, o norte-americano chegou a defender o desabafo de Anderson: "Tudo o que ele disse foi apropriado. Ele falou em bater em crianças. Não acho que ele tenha falado sério. Acho que ele deve ser um bom pai na vida real. Não o conheço, mas em sua defesa, não acho que ele tenha falado sério".

Anderson também se explicou depois de ter ameaçado quebrar todos os dentes da boca de Sonnen: "Desde que cheguei aqui, houve muita polêmica quanto ao que eu estava proposto a fazer dentro do UFC. Acho que o povo americano viu um Anderson que há muito tempo não via, e isso que vim fazer aqui é o meu trabalho", justificou.

Agora, resta saber quem tem mais a perder dentro do octógono no sábado, depois de todas as polêmicas que antecederam a luta. Sonnen chegou a prometer aposentadoria em caso de derrota para Anderson, mas retirou a proposta ao afirmar que tem a missão de "livrar o mundo de alguns lixos". Aos 37 anos, o brasileiro é um veterano e corre o risco de perder o status de melhor do mundo a essa altura.

Quem ganha com tudo isso é Dana White, que não esconde a alegria às vésperas do tão antecipado combate e espera bater o recorde de 1,6 milhão de pacotes de pay-per-view do UFC 100. O presidente da organização precisou de muita conversa para convencer o brasileiro a concordar com a mudança do local da revanche, que inicialmente seria realizada no Brasil. Sem poder fazer o maior evento da história no Engenhão lotado por causa da Rio+20, Las Vegas surgiu como a opção mais conveniente.

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