"Participei de uma produção independente de um cineasta norte-americano", conta o campeão dos médios do UFC, Anderson Silva. "Se gostei de atuar?" Ele repete a pergunta, balança a cabeça, e faz uma careta. "Não fiquei satisfeito [com o resultado final]. Acho que poderia ter sido melhor."
Anderson ouviu de amigos que "mandou bem", e de profissionais da área de cinema o argumento de que, se a atuação não satisfez, foi culpa do diretor, que não extraiu o que poderia de seu potencial.
Os elogios, porém, não convenceram aquele que é tido como o melhor lutador de MMA (artes marciais mistas).
"Decidi tomar aulas de atuação", revela Anderson, 37, ao oficializar o investimento na carreira paralela de ator.
Anderson tinha marcado para este mês o trabalho de preparação para ator. As primeiras aulas já teriam tido início não fosse a sua participação no UFC Rio 3, definida à última hora para salvar o evento.
O duelo de Anderson com o norte-americano Stephan "O Psicopata Americano" Bonnar substituiu uma defesa de cinturão do manauara José Aldo, que sofreu lesão.
O nome de Anderson, como ator, aparece na internet ligado a cerca de meia dúzia de filmes de ação estrangeiros. O time do lutador nega que ele participará de todos.
A explicação é que ligar o nome de Anderson a uma produção de cinema facilita a captação de fundos, então alguns o fazem mesmo sem o conhecimento do lutador.
A incursão pelas telas de cinema é apenas uma parte do investimento de Anderson fora do octógono. A meta é que sua imagem cada vez mais transcenda o esporte, o que, consequentemente, abrirá mais oportunidades de negócio para o seu futuro.
O documentário "Como Água" e sua autobiografia "Anderson Spider Silva" foram instrumentos para o público dar uma "espiada" em sua vida fora do octógono.
Após o anúncio do UFC Rio 3, foi confirmado mais um patrocínio a ele, o da Nextel.
A ideia é seguir os passos do mentor Ronaldo, e repetir a trajetória de atleta, astro do esporte, personalidade e homem de negócios, segundo Hebert Mota, que cuida da imagem do lutador do UFC.
O marketing é um dos pilares da ideia de Anderson disputar a Olimpíada do Rio.
Pela regras atuais, Anderson não poderia participar do boxe olímpico, pois já fez luta profissional. Mas o taekwondo seria uma opção.
"Não sei se a Confederação Brasileira de Taekwondo gostaria de chamar outros atletas para a Olimpíada, se gostaria que eu fizesse parte da equipe olímpica. Mas imagine só o retorno de imagem que minha participação [nos Jogos] traria para o taekwondo", argumenta Anderson.
A contrapartida é que Anderson se dispõe a pôr de lado, por alguns meses, sua carreira no MMA para adentrar o rol de atletas olímpicos.
"Imagino que teria de treinar exclusivamente taekwondo durante uns quatro meses [para os Jogos Olímpicos]. E também teria de me dedicar ao [taekwondo] para as seletivas para a equipe nacional."