Adriano é um sujeito acostumado a atrair multidões. Em 2009, lotou a arquibancada da Gávea em sua apresentação e levou quase 72 mil pessoas à loucura na reestreia com a camisa do Flamengo, no Maracanã. Três anos e três meses mais tarde, a terceira passagem do atacante pelo clube que o revelou começa de maneira quase discreta. Apresentado pela presidente Patricia Amorim, pelo diretor de futebol Zinho e pelo vice de futebol Paulo Cesar Coutinho no fim da manhã quarta-feira, no Ninho do Urubu, o Imperador esteve mais para plebeu. Uma chegada sem torcida e sem pompa, mas presenciada por um batalhão de jornalistas. Na nova chance, o contrato do jogador tem um salário em valor mínimo, com pagamento pela participação em cada jogo e, inicialmente, vai até dezembro.
- Estou feliz por retornar ao lugar onde as pessoas me tratam bem e confiam em mim acima de tudo. Vou trabalhar e quando me sentir bem e o Flamengo achar, volto a jogar. Sou o Adriano de sempre. Nunca serei dois. Minha família me deu educação para não ser duas pessoas. Óbvio que preciso mudar algumas coisas. Mas estou muito feliz. Espero voltar o mais rápido possível a jogar, a fazer gols. Estou com uma saudade imensa de comemorar com a torcida - disse o jogador, de 30 anos.
Ao admitir que precisa mudar em algumas coisas, Adriano disse que agora aceitará cobranças e que não terá medo de dar a cara a tapa. O jogador ressaltou ainda que sabe que o retorno ao Flamengo será sua última chance de voltar a ser o Imperador.
- Estou aqui para tomar na cara. Hoje posso ser cobrado. Tomei a decisão certa. Agora é trabalhar, não falar muito e jogar. Só depende de mim. Sei que é minha última chance.
Antes da primeira resposta dele, a presidente Patricia Amorim fez um breve pronunciamento e entregou a camisa 10 ao "velho conhecido".
- O Clube de Regatas do Flamengo tem a honra de trazer de volta o camisa 10, velho conhecido da torcida, querido por todos, consagrado pelo Flamengo. A gente quer que a torcida receba o Adriano com o carinho e a compreensão que ele merece. Todo trabalho será feito para a recuperação desse jogador. Ele sabe que precisa. Não vão faltar carinho, amor e estrutura. Seja bem-vindo - disse.
Após responder a dezenas de perguntas, Adriano deixou o Ninho do Urubu dirigindo o seu próprio carro e ainda vestindo a camisa do Flamengo que recebeu de Patricia Amorim.
Confira os principais trechos da primeira entrevista de Adriano no retorno:
Erros, responsabilidade e comprometimento
Tenho que me responsabilizar pelos meus atos no Flamengo. Os meus erros eu nunca neguei, sempre falei. Esses dois anos eu pensei realmente se parava ou continuava. Os torcedores sempre pediam para voltar. Eu tenho que ter comprometimento comigo mesmo. O Flamengo está aqui para me ajudar, só depende de mim. Não tenho que falar muita coisa para o torcedor. Tenho que falar dentro de campo, tenho que cumprir com minhas obrigações até a estreia. Espero ter a cabeça no lugar, que saiba não errar de novo. Vai ser minha última chance. Sei que é a minha última chance. Se não tiver responsabilidade, prefiro me afastar.
Contrato
Não é um contrato de risco. Preferi assim porque eu também tenho que fazer por onde. Não estou pensando na parte financeira. Tenho contrato novamente, o que aconteceu no passado é culpa minha. Tenho que ter responsabilidade a mais. Estou vindo de uma contusão, tenho que cumprir regras. Foi bom para mim e bom para o Flamengo. Se eu não cumprir, não vou conseguir jogar o que eu sei. Se não cumprir, a responsabilidade é minha.
Lesões
Sei da pressão que eu tenho no mundo do futebol, tive dois anos de lesões, saí do Flamengo, fui para o Roma, me machuquei muito, quase um ano parado por contusões. Tive uma conversa com a presidente do Roma para que me liberasse, achava que não era bom para mim ficar mais. Ela me deixou sair. Retornei ao Corinthians, tive lesões, isso me atrapalhou bastante, foram dois anos que tive complicados como jogador e como pessoa. Isso acaba fazendo você pensar bem se não é melhor tomar uma decisão até de parar de jogar, saí de uma série de contusões, isso me atrapalhou a ter continuidade, a poder jogar.
Volta para casa
Hoje estou tendo essa oportunidade. Sou uma pessoa que se deixa abater. Sou uma pessoa muito emotiva e hoje poder vestir de novo a camisa do Flamengo novamente me dá uma alegria muito grande. Dei um tempo meio triste, cabisbaixo. Estou superbem. É bom viver isso aqui de novo com vocês (jornalistas), essa palavra com vocês, a resenha. É bom. Muito tempo sem resenha (risos).
Império do Amor
Eu, o Vagner (Love), todo mundo sabe... Somos amigos, nos damos bem fora de campo e espero voltar o mais rápido possível para dar alegria ao torcedor do Flamengo.
Retorno à Seleção Brasileira
O sonho de qualquer jogador é jogar a Copa do Mundo no seu país. São etapas que vou ter que passar, vou ter de correr atrás, fazer as coisas sérias para voltar à Seleção Brasileira. Lógico que ainda sonho. Se eu fizer tudo direitinho para voltar a ser o Adriano de antes, acho que tenho condições de voltar à Seleção, sim.