Acabou a novela: Atacante Robinho volta ao Santos para se garantir na Copa 2010

O jogador abriu mão de parte de seus salários para voltar

Robinho de volta ao Santos | Divulgação
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O Rei das Pedaladas está de volta à Vila Belmiro. Aos 26 anos, cinco a mais do que tinha quando deixou o Santos para reforçar o Real Madrid, em 2005, o jogador agarra-se ao Peixe como se a equipe alvinegra fosse sua tábua de salvação. Em baixa no Manchester City e temendo ficar fora da Copa 2010, o atacante vê seu retorno ao time que o revelou como uma chance para jogar bem e garantir sua vaga no grupo que tentará o hexacampeonato na África do Sul. Robinho viajará para o Brasil no próximo domingo e assina contrato com o Peixe até o dia 4 de agosto.

O jogador abriu mão de parte de seus salários para voltar. Ainda assim, vai ganhar R$ 1 milhão por mês (porém, terá de arcar com o Imposto de Renda). Essa quantia será paga por patrocinadores. Após o Mundial, o jogador volta à Europa. O site oficial do clube inglês confirmou, nesta quinta-feira, que o Santos assumirá todos os termos do contrato do jogador (incluindo salários e bônus).

- Robinho precisa jogar regularmente e nós lhe desejamos boa sorte para o período de seu empréstimo - disse o técnico do time inglês Roberto Mancini.

Embora seja considerado homem de confiança do técnico Dunga, Robinho estava incomodado com o fato de não ser muito aproveitado por Mancini. O treinador italiano estabeleceu um rodízio de atacantes. Para Robinho, isso o prejudicava, pois ele perdia ritmo.

A data da estreia de Robinho ainda não está confirmada. Tudo depende do envio dos documentos do Manchester City para o Brasil. Mas, se tudo correr bem, ele pode até disputar o clássico contra o São Paulo, marcado para o dia 7 de fevereiro, na Arena Barueri.

Robinho é o terceiro jogador da geração de 2002 a retornar ao clube. Do grupo que resgatou o Santos ao conquistar o Brasileirão daquele ano, estão na Vila o goleiro Fábio Costa e o lateral-esquerdo Léo. Por ser o herói da conquista ao assumir, com apenas 18 anos, a responsabilidade de liderar o time na final contra o Corinthians, o Rei das Pedaladas (apelido que ganhou também por causa desse jogo) acabou sendo homenageado: sua antiga turma acabou batizada de Geração Robinho.

O jogador começou a chamar a atenção em 1999, quando ganhou muitos elogios do Rei Pelé, que, na ocasião, era coordenador das categorias de base do Peixe. O garoto tinha apenas 15 anos. O futuro era promissor, mas nem o mais otimista dos alvinegros poderia imaginar que aquele ?garotinho de canelas finas?, na definição de Emerson Leão, técnico que o comandou em 2002, poderia se tornar um dos jogadores mais importantes da história do clube.

Robinho subiu para a equipe profissional no início de 2002. O Peixe vivia uma situação financeira péssima. O técnico Celso Roth foi obrigado a subir alguns garotos, pois o clube não tinha dinheiro para investir em contratações. Roth caiu após a eliminação da Copa do Brasil, nas oitavas-de-final contra o Internacional, em março. Veio Leão, único treinador que topou a missão de montar um time com jogadores da base e desconhecidos.

O Peixe estava fora da Copa do Brasil e não havia avançado à fase de mata-mata do Torneio Rio-São Paulo (que naquele ano substituiu o Paulistão) porque não conseguiu vencer o Bangu. Era o fundo do poço. Restava a Leão trabalhar os garotos para tentar, ao menos, escapar do rebaixamento no Brasileirão. Foram três meses de treinamentos. Às vésperas do Brasileirão, a diretoria marcou um amistoso contra o Corinthians, na Vila Belmiro. A molecada do Peixe surpreendeu a todos e venceu por 3 a 1. Robinho e Diego tiveram ótima atuação. Parecia premonição. Com Robinho em campo, o Peixe jamais perdeu para o Timão.

Após o jogo, Leão avisou que iria para o Brasileirão com aquele time mesmo. A classificação para os playoffs foi sofrida. O Peixe obteve a oitava e última vaga graças a uma combinação de resultados. O time perdeu para o São Caetano, mas passou graças à derrota do Coritiba para o Gama. No mata-mata, arrasou. Eliminou o São Paulo, o Grêmio e venceu o Corinthians nos dois jogos decisivos: 2 a 0 e 3 a 2. Era o fim de uma fila que já durava 18 anos. No embalo de Robinho e seus companheiros, um time que entrou no Brasileiro para não cair, acabou com a taça. Assista ao vídeo.

Era Robinho

Nos anos seguintes, o Santos continuava em destaque graças aos garotos. A era Robinho estava a todo vapor. A equipe foi vice-campeã da Libertadores e do Brasileiro, em 2003, e campeã brasileira em 2004.

Aliás, foi em 2004 que o garoto viveu um drama. Sua mãe, Marina de Souza. No dia 6 de novembro, ela foi levada por dois homens que invadiram a casa onde ela preparava um churrasco para amigos, na Praia Grande (SP). Ela foi libertada 41 dias depois. Durante esse período, Robinho não jogou. Passou o tempo todo no apartamento da família, esperando notícias. O sequestro acabou a tempo de Robinho ainda disputar o jogo do título, contra o Vasco.

Saída conturbada

O ano de 2005 começou e as especulações sobre a saída de Robinho se tornaram ainda mais fortes. O Real Madrid aparecia na briga, fazendo propostas milionárias. A ideia do Santos era segurar o jogador até 2006 e vendê-lo após a Copa da Alemanha. Mas a pressão foi enorme.

Durante entrevista à TV Globo, na Copa das Confederações, Robinho deu um duro golpe na diretoria e avisou que não queria mais joga no Santos. Disse que estava na hora de ir embora para Europa. Quando a competição acabou, ele não se reapresentou, criando um clima muito ruim. Após semanas de negociação, de notícias e desmentidos, Robinho foi vendido em agosto, por US$ 50 milhões, ao Real Madrid.

Ele ainda disputou alguns jogos pelo Brasileirão e se despediu contra o Paysandu, dia 24 de agosto. O Peixe venceu por 3 a 2, de virada.

Números

Robinho disputou 189 jogos e marcou 83 gols pelo Peixe, entre 2002 e 2005. É o quinto maior artilheiro santista após a Era Pelé. Perde para Serginho Chulapa e João Paulo, ambos com 104 gols, Juari, 101, e Kléber Pereira, com 87.

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