A mãe de Isabella Nardoni, Ana Carolina Oliveira, gravou um vídeo para as redes sociais nesta segunda-feira (03) reafirmando que não assistirá à série Tremembé, lançada pelo Prime Video na última sexta-feira (31 outubro de 2025). A produção brasileira retrata, entre outros casos, o de Isabella Nardoni, assassinada em 2008 pelo pai e pela madrasta, e mostra detentos de grande repercussão nacional no complexo conhecido como “presídio dos famosos”.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Ana Carolina Oliveira comentou sobre a repercussão da série Tremembé e manifestou preocupação com a forma como criminosos são retratados em produções audiovisuais.
“A minha preocupação é de tornar assassinos pessoas de visibilidade e heróis, sendo que essas histórias contadas estão longe disso”, afirmou.
A mãe de Isabella Nardoni explicou que decidiu não assistir à série “por cuidado com a minha saúde mental”. Segundo ela, “uma coisa é eu falar sobre a minha filha aqui, outra coisa é eu assistir, vivenciar a cena do crime”. Oliveira acrescentou ainda ter recebido relatos de pessoas “do quanto elas saíram impactadas, chorando” após assistirem à produção.
“Eu só acho que a gente [precisa] tomar cuidado em tornar celebridades essas pessoas que são verdadeiras assassinas. Eu respeito muito o trabalho do Ulisses, que fez essa construção, esse trabalho, mas não assistirei”.
Relembre o caso
O caso Isabella Nardoni ocorreu em 29 de março de 2008, quando a criança de cinco anos foi jogada do sexto andar do edifício London, na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo. O crime chocou o país e resultou em júri bastante divulgado. Em 2010, o pai, Alexandre Nardoni, foi condenado a 31 anos, 1 mês e 10 dias por homicídio triplamente qualificado e fraude processual, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, a 26 anos e 8 meses pela mesma tipificação. Ambos cumprem pena, atualmente em regime aberto.
OPINIÃO DESTA AUTORA
Na visão desta colunista, o posicionamento de Ana Carolina Oliveira abre uma discussão essencial para o gênero true crime. O fato de ela optar por não assistir à série é um alerta: o true crime pode cumprir um papel importante ao dar voz às vítimas, ao relatar os fatos e lidar com a memória de quem sofreu, mas perde esse propósito quando se foca exclusivamente nos criminosos, conferindo a eles protagonismo ou visibilidade que beira a celebração. Quando a narrativa desloca o centro para o autor do crime e esquece “o que aconteceu à vítima”, há o risco de transformar o culpado em personagem central e herói de uma história que não deve ser glamourizada.
No mais, garanto em breve assistir a série como toda amante de true crime e trazer o meu ponto de vista sobre. Até Lá!