Muitas pessoas relatam que, à medida que envelhecem, as ressacas se tornam mais intensas, com náuseas, desconforto no estômago e gosto ruim na boca. No entanto, a ciência não confirma que isso seja uma regra.
Segundo Aaron White, neurocientista e conselheiro científico sênior do National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism, não há pesquisas suficientes para afirmar que as ressacas pioram com a idade para todos. “Não está claro se as ressacas pioram conforme envelhecemos ou apenas para algumas pessoas”, diz.
Apesar disso, alguns fatores biológicos podem tornar os sintomas mais fortes em pessoas mais velhas. O álcool é metabolizado pelo fígado em substâncias tóxicas, como o acetaldeído, que depois se transforma em acetato e, finalmente, em água e dióxido de carbono. Com o envelhecimento, as enzimas hepáticas podem se tornar menos eficientes, prolongando a presença desses químicos no corpo.
O acúmulo de acetaldeído pode gerar inflamação, associada a mal-estar, irritabilidade, fadiga e ansiedade. Além disso, condições crônicas comuns em adultos mais velhos, como diabetes, artrite e dor crônica, podem intensificar os efeitos inflamatórios do álcool. O álcool também atua como diurético, aumentando a perda de água do corpo. Com a idade, a quantidade total de água no organismo diminui, o que pode agravar a sensação de desidratação e desconforto no dia seguinte. O impacto no sono é outro fator: beber prejudica a qualidade do sono, e a dificuldade para dormir aumenta naturalmente com a idade.
Curiosamente, uma pesquisa com mais de 50 mil pessoas de 18 a 94 anos apontou que os mais velhos relataram menos ressacas do que os jovens, mas os cientistas ainda não sabem explicar o fenômeno.
Para evitar o mal-estar, White reforça que a melhor estratégia continua sendo a moderação: “O tempo é a única cura universal para os sintomas da ressaca. Evitar exageros é a forma mais eficaz de preveni-los”