Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riverside, nos Estados Unidos, revelaram em 1º de setembro que fofocar dentro do relacionamento pode aumentar a felicidade do casal. O estudo, publicado no Journal of Social and Personal Relationships* analisou como e por que esse hábito, muitas vezes visto de forma negativa, pode contribuir para relações mais duradouras.
O papel da fofoca no amor
“Quer queiramos admitir ou não, todo mundo fofoca. O hábito de falar da vida alheia é onipresente em todos os grupos sociais e faixas etárias”, afirma a psicóloga Chandler Spahr, líder da pesquisa. A equipe analisou o comportamento de 76 casais do sul da Califórnia, utilizando um dispositivo portátil chamado Gravador Eletronicamente Ativado (EAR), que registrou parte das conversas diárias durante uma semana.
De acordo com os dados, cada participante passou em média 38 minutos por dia fofocando, sendo 29 deles com o parceiro. As gravações mostraram que falar sobre terceiros dentro da relação está diretamente ligado à sensação de bem-estar e, em menor escala, à qualidade da convivência.
Diferenças entre os casais
O estudo também identificou que casais formados por duas mulheres foram os que mais fofocaram e relataram o maior nível de qualidade no relacionamento. Já os casais do mesmo sexo, de forma geral, apresentaram índices de felicidade mais altos do que os de sexos diferentes, embora todos os participantes tenham declarado altos níveis de satisfação conjugal.
Para os autores, fofocar com o parceiro funciona como um mecanismo de ligação emocional, especialmente porque muitas conversas aconteciam logo após eventos sociais. “Fofocar negativamente com o parceiro romântico no caminho de casa depois de uma festa pode ser um sinal de que o vínculo do casal é mais forte do que com os amigos na festa, enquanto falar positivamente pode prolongar as experiências divertidas”, escreveram os pesquisadores.
Fofoca como ferramenta social
Mais do que apenas entretenimento, a fofoca dentro da vida a dois aparece como uma “ferramenta de regulação social”, ajudando a definir comportamentos e expectativas que sustentam a harmonia conjugal. Esse tipo de prática pode reforçar a cumplicidade e até reduzir conflitos, criando um espaço seguro de troca e observação sobre terceiros.
O levantamento também derrubou alguns mitos: mulheres não fofocam de maneira mais destrutiva do que homens, e pessoas de baixa renda não espalham mais comentários do que as de alta renda. Já os mais jovens, segundo os pesquisadores, tendem a se envolver em conversas mais negativas em comparação aos adultos mais velhos.
Quer que seja em tom divertido ou crítico, o estudo sugere que dividir segredos e opiniões sobre terceiros pode ser, paradoxalmente, um dos segredos para manter o casal mais unido e feliz.