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Superman: James Gunn resgata essência do herói em nova fase da DC

O filme chegou aos cinemas na última quinta-feira e tem divido opiniões na internet

Superman | Divulgação: DC Studios

(Francisco Clarin)

O novo Universo da DC Studios se deu inicio meses atrás com a estreia de 'Creature Commandos', e agora introduziu nos cinemas o seu personagem mais importante: o Superman. E para minha surpresa e alívio, essa versão é uma das experiências mais emocionantes, divertidas e fiéis que a DC entregou nos últimos anos. É um verdadeiro resgate do herói que muitos de nós crescemos lendo e admirando.

Sobre a direção de James Gunn, a DC propõe uma nova releitura do Homem de Aço. O diretor não reinventa o personagem, ele o reconecta às suas raízes. No filme, é trabalhada essa recontextualização com sensibilidade e humanidade para os tempos atuais.

Logo no começo, vemos a primeira grande derrota de Superman. Aqui, o mundo não é mais ignorante à existência de meta-humanos, eles vivem na terra há mais de 300 anos. E isso, resulta em um planeta dividido entre medo e admiração pelo desconhecido.

David Corenswet encarna Clark Kent com a leveza e a profundidade necessárias. Seu Superman não é um deus entre os homens, como nas versões anteriores, especialmente nos filmes de Zack Snyder. Em vez de um ser sombrio, violento e 'divino", temos aqui um Superman mais próximo, mais empático, mais humano.

Nessa versão, o personagem encarna a ideia de que ter poder não significa dominar, mas proteger. E essa filosofia, que permeia tanto nas HQs, finalmente chega às telas dos cinemas com sinceridade. 

James Gunn entrega um filme que caminha com equilíbrio entre ação, humor e emoção. O herói se mostra 'frágil', não apenas fisicamente, já que é posto em risco mais vezes do que em qualquer outro filme do personagem, mas também emocionalmente. Ele sofre, hesita, se machuca, mas sempre coloca a vida dos outros em primeiro lugar. Sua recusa em matar, sua compaixão até mesmo pelos inimigos, e seu desejo constante de proteger humanos e animais são resgates diretos do material original das HQs.

Lex Luthor, interpretado com profunidade e frieza por Nicholas Hoult, é um dos pontos mais altos. Diferente das versões caricatas ou corporativas anteriores, aqui temos um Lex movido por pura inveja, uma mente que entende o Superman como uma ameaça não só física, mas filosófica. Ele estuda bem o herói e é o responsável por explorar as suas fragilidades. Talvez seja a melhor adaptação do personagem até hoje.

Lex Luthor

Rachel Brosnahan também surpreende como Lois Lane. A química com Corenswet é natural, divertida e emocional. Sua Lois é perspicaz, corajosa e profundamente ética. Ela não está ali apenas como par romântico, ela é essencial para a construção moral e emocional de Clark.

A "Gangue da Justiça", equipe que acompanha Superman nesta nova fase, funciona bem em conjunto. O Sr. Incrível, interpretado por Edi Gathegi, se destaca com sua naturalidade e inteligência, e sua parceria com o Superman rende ótimos momentos. 

Nathan Fillion também marca presença na pele do Lanterna Verde, seu personagem é fiel aos quadrinhos: irritante, sarcástico e extremamente carismático. No entanto, a Mulher-Gavião (Isabela Merced), embora tenha cenas marcantes, merecia mais destaque e desenvolvimento.

Sr. Incrivel, Lanterna Verde e Mulher-Gavião

Além disso, o filme apresenta antagonistas que enriquecem a trama: a Engenheira e o Ultraman. Ambos são figuras poderosas, mas o que os torna ainda mais perigosos é o fato de serem criações e instrumentos de Lex Luthor. Manipulados por sua mente brilhante e perversa, eles não têm outra finalidade senão destruir o Superman, servindo como peças centrais no plano do vilão para desestabilizar o herói e tudo o que ele representa.

O filme explora um lado pouco aprofundado em versões anteriores, a relação de Clark Kent com sua família. Esse lado simples e íntimo do personagem é retratado com carinho, em sintonia com as origens dos quadrinhos. 

Em uma cena, vemos Clark descalço, comendo cereal no banquinho da Fazenda Kent, ao lado dos pais adotivos. A cena ganha ainda mais força por vir logo após ele confrontar sua origem kryptoniana e refletir sobre sua existência e propósito, diante da verdadeira mensagem deixada por seus pais biológicos.

Um detalhe importante e emocionante, é o filme mostrar com naturalidade, o lado pacifista de Superman. Em determinado momento, lembram que ele impediu uma guerra, salvando milhares de vidas. E isso não é apenas falado, é sentido.

Esse ideal de esperança é justamente o que Lex Luthor tenta corroer. Seu plano não é apenas físico ou estratégico, é filosófico. Ele tenta mostrar ao mundo que a compaixão do Superman é sua maior fraqueza. E é nesse embate de valores que o filme cresce. 

Essa crença no valor da vida, mesmo quando tudo parece ruir, é o que faz do Superman o verdadeiro símbolo de esperança. Algo que Gunn soube construir com respeito e destacou perfeitamente em algumas cenas.

No fim das contas, o filme é mais do que um reboot: é uma carta de amor ao personagem e aos seus fãs. James Gunn respeita o passado, ousa no presente e cria expectavitas para o futuro. Finalmente um universo que parece promissor para o DCU.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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