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Emmy 2025: Ruptura recebe 27 indicações e concorre nas principais categorias

Thriller psicológico sobre ética no trabalho rende à série destaque e múltiplas nomeações

Ruptura | Divulgação: Apple TV+

Texto por Matheus Sousa

A Academia de Artes e Ciências Televisivas divulgou, nesta terça-feira (15), os indicados ao Emmy Awards 2025. Ruptura (Severance), produção original da Apple TV+, lidera a lista com 27 indicações, incluindo as principais categorias de drama. A série concorre a Melhor Série de Drama, Melhor Ator (Adam Scott), Melhor Atriz (Britt Lower), além de múltiplas categorias de atuação coadjuvante, direção, roteiro e aspectos técnicos.

Criada por Dan Erickson e dirigida por Ben Stiller e Aoife McArdle, Ruptura apresenta uma trama de ficção científica com estrutura de thriller psicológico. A narrativa acompanha os funcionários da empresa fictícia Lumon Industries, que se submetem a um procedimento cerebral chamado “ruptura”. A técnica separa completamente as memórias da vida profissional das memórias pessoais, criando dois registros mentais distintos e autônomos. A proposta gera efeitos práticos e éticos que atravessam toda a série.

A premissa oferece terreno fértil para debates éticos e filosóficos. Mas mais do que isso, ela expõe de maneira cirúrgica a lógica contemporânea do trabalho como espaço de alienação e despersonalização.

A segunda temporada recebeu 100% de aprovação no Rotten Tomatoes, com base em 34 críticas especializadas. A primeira, lançada em 2022, já havia obtido 97% de aprovação da crítica e 88% do público. Ainda assim, Ruptura flerta perigosamente com o risco de se tornar vítima do próprio sucesso. Com o crescimento da audiência e o peso de tantos prêmios, a expectativa por uma narrativa mais "acessível" pode ameaçar a complexidade da série. Manter a densidade simbólica, o ritmo lento e o desconcerto emocional exige coragem e autonomia criativa, que nem sempre resiste ao olhar ansioso de investidores e plataformas.

As 27 indicações são merecidas? Em termos técnicos, sim. A série domina sua proposta com clareza, rigor e autoralidade. Mas o que realmente impressiona é como Ruptura conseguiu, em meio a tantas produções genéricas e algoritmadas, trazer à superfície um desconforto que vai além do entretenimento. O incômodo que ela provoca não nasce do suspense, mas da possibilidade de estarmos vivendo versões menos literalizadas da mesma experiência.

A cerimônia de premiação acontece em setembro deste ano. Até lá, Ruptura permanece como a favorita e pode sair como a grande vencedora. A série está disponível no Apple TV+.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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