Vira-lata é resgatado no lugar de cachorrinho desaparecido e engana família

Após uma análise meticulosa em todas as manchinhas, a verdade caiu como uma bomba. “Ele enganou até minha avó”, disse o dono.

. Após uma análise meticulosa em todas as manchinhas, a verdade caiu como uma bomba. “Ele enganou até minha avó”, disse o dono. | Reprodução
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Era para ser uma terça-feira comum para José Eduardo Ramos de Carvalho, 33 anos, morador de Campo Grande. Ele saiu logo cedo no dia 25 de janeiro, às 5h30, para passear com o cachorro Ikki, que está há sete anos com a família. Na volta, quando passou pelo portão de casa, percebeu que o cachorro não o seguia. Foi então que uma trama digna de novela mexicana começou. 

“Andei pelo bairro todo, não achei. Começamos a saga de procurar na internet, nas ruas”, relata José Eduardo.

Tomado pelo desespero de encontrar o pet perdido, que possui, inclusive, um problema neurológico grave, o tutor chegou a rasgar sacolas com animais mortos em uma praça próximo à sua residência. “Depois enterrei, com todo carinho e respeito e avisei [à Polícia e ao Centro de Controle de Zoonose], porque, né, eram anjinhos desovados ali e poderiam ser o meu ou de qualquer outra pessoa”, afirma.

O tutor é o responsável pela saúde e alimentação, segurança, educação e afeto que o pet precisa para viver bem.

Após dois dias do desaparecimento de Ikki, a chama da esperança de encontrar o animal invadiu o coração de José Eduardo. Em uma publicação na internet, José Eduardo encontrou um cachorro igual ao seu pet. “Liguei por vídeo, ele lambeu a tela do celular”, relata.

O tutor se deslocou do bairro Lar do Trabalhador, onde mora, até o bairro Tarumã, e resgatou “Ikki”. Contudo, o cachorro que estava indo para a casa, na verdade, era outro. Era o momento em que Paolo assumia a vida de Ikki.

Em casa, Paolo Bracho agiu como se conhecesse todo mundo, a avó, os dois gatos e tratou super bem a cachorrinha Pandora, adotada recentemente. “Deu um beijinho nela, mostrou a casa para ela, até no fundo. Beijou os gatos e ficou super à vontade, tranquilão”, pontua José.

Paolo demonstrou conhecer até Pandora, cadelinha caçula da família. — Foto: Reprodução/RedesSociais

“Na primeira noite quando foi resgatado, dormiu comigo e me abraçou com as duas patinhas. Não desgrudava por nada. Tipo por gratidão”, lembra o tutor.

Fim da farsa

Passados dois dias, o comportamento, apesar de muito semelhante, começou a levantar suspeitos no tutor, que estranhou o fato de Ikki subir no sofá. Após uma análise meticulosa em todas as manchinhas, a verdade caiu como uma bomba. “Ele enganou até minha avó”, comenta.

Devido ao problema neurológico que tem, Ikki se morde quando está muito nervoso ou feliz. Segundo José Eduardo, até nisso Paolo Bracho o imitou. O nome, uma referência à novela mexicana “A Usurpadora”, sucesso nos anos 90, caiu como uma luva no cachorrinho, que em nenhum momento estranhou a nova vida.

Mancha próximo ao pescoço foi o que fez José Eduardo descobrir que não estava com o cachorro verdadeiro. — Foto: Reprodução/RedesSociais

“Quando eu o encontrei, o dog me abraçou, pulou, beijou, igual o Ikki fazia, e respondia pelo nome. Tudo, tudo igual. As marcas, o TOC [ Transtorno Obsessivo Compulsivo] , etc. Chorei junto. Até a marquinha de coração do lado direito e tal”, pontua o tutor.

Mesmo com a falsa identidade, Paolo conquistou os tutores de Ikki. Com o falecimento do avô, considerado um pai para José, há quatro meses, o luto ainda é muito recente em toda a família. “Desde que meu paivô faleceu, eu não via minha avó reagir. Está de pé, feliz, cozinhando, dando risada da história”, diz José.

Reencontro de Ikki

Mesmo com a felicidade proporcionada pela chegada de Paolo, José Eduardo não desistiu de encontrar o verdadeiro Ikki. E após quase uma semana do desaparecimento, Ikki foi encontrado no bairro Santa Carmélia.

José Eduardo descobriu o paradeiro do pet exatamente da mesma forma com que achou Paolo, pelas redes sociais. O reencontro foi emocionante. “Lindo, ai que saudade!”, exclamou o tutor ao rever o verdadeiro Ikki.

Encontro dos 'gêmeos'. Ikki à esquerda e Paolo, à direita. — Foto: Reprodução/RedesSociais

Mesmo com o retorno de Ikki, Paolo não teve sua permanência ameaçada. José pretende ficar com os dois cachorros, a não ser que o tutor do segundo apareça. “Agora, com calma, sem ansiedade, até minha avó vê que são diferentes”, ri.

Apesar da semelhança, agora que os animais estão juntos, José Eduardo enxerga e admite diferenças. “Eu estou morrendo de vergonha, porque demorou dois dias para eu juntar todos os pontos”, conta aos risos.

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