Muita gente diz fácil que ama, mas não dá nenhuma prova de amor. Isso me colocou a pensar assim: importante não é o tal amor e sim a prova, ou, um pouco mais radicalmente, não há amor, apenas provas de amor.
Tenho, então, dois conselhos. Primeiro: se você não pode dar um testemunho pessoal, de consciência tranquila, de provas de amor (recebidas ou dadas), é porque não está vivendo amor verdadeiro.
Segundo: não se iluda e deixe as coisas irem para o campo das abstrações; prova de amor (para valer) é tangível, deixa rastro no mundo. Nada de palavras ou promessas, ela deve ser “ver para crer”, produzir algo capaz de transformar a realidade.
Se não há nada do que indiquei, ou há em dose muito pequena, não é amor não o que se está vivendo, é aproveitamento da vulnerabilidade humana, abuso das nossas fragilidades, carências, dependências e necessidade de auxílio.
O amor verdadeiro, esse que cultiva pelos caminhos um bom número de provas, é aliado poderoso na luta contra os desvalimentos do destino, proporciona um ponto de apoio que potencializa nossa vida e gera condições mais enriquecedoras.
Amor sem provas não contribui em nada, não se pode aproveitar, não aumenta nossa capacidade. Vazio e perigoso esse amor que se diz – mas que não prova nada – é antinatural. Ele é como um castor que se nega a construir represas nos rios ou uma abelha que se declarasse em greve.
Digo isso porque o caráter peculiar e único do “caso humano”, nossa forma de vida, é uma incessante busca de amor. Encontrá-lo verdadeiramente, com sua maravilhosa trilha de provas, coroa a humanidade da nossa humanidade, organiza e completa nossa essência.
Bem, mas cuidado: ali onde mora a salvação se escondem também os maiores riscos. Como o sistema do amor lida com nossas maiores fragilidades e assimetrias, é prato cheio para maldade, traição e desrespeito. Para você saber se está pisando em terreno seguro, avalie bem, meça lucidamente as provas apresentadas.
A questão básica pode ser resumida assim: não deve imperar o “eu quero”, deve haver um “nós queremos”. Parece fácil e simples, mas no campo vivo da prática as coisas se tornam desafiadoras e complexas. Por isso, atenção redobrada nunca é demais.