É verão, você está em casa e, quando menos espera, uma barata surge para lhe fazer companhia. Nessa época do ano, é comum que esse inseto apareça com mais frequência sem ser convidado, causando pânico e desespero nos moradores. Por mais que não seja uma tarefa fácil, algumas dicas podem ajudar a manter as baratas o mais longe possível. As informações são do IG.
Segundo o Prof. Dr. Francisco G. M. da R. Carvalho Neto, coordenador do curso de Ciências Biológicas da Universidade Anhembi Morumbi, a temperatura é um dos principais fatores ecológicos que influenciam na vida das baratas . “Diretamente afeta seu desenvolvimento e comportamento, tendo influência sobre a efetividade de reprodução”, diz o professor.
No caso da barata Periplaneta americana, a mais comum em casas e hospitais, em temperaturas de 17° C a 18° C, o período embrionário do animal pode chegar a 88 dias; já em 27° a 28°, esse tempo cai para 34 dias. “Com base nessa premissa, podemos já extrapolar o aumento significativo de populações de baratas no verão , quando as temperaturas tendem a ser altas”, diz Neto.
Vale ressaltar que existem mais de 3.000 diferentes espécies de baratas. No Brasil, além da Periplaneta americana, que é de esgoto, as outras principais espécies considerada pragas são a de cozinha (Blatella germanica) e barata oriental (Blatta orientalis). “Elas têm preferência por ambientes quentes e úmidos e podem ser encontradas em locais com sujeira”, completa o especialista.
Para evitar baratas, é importante saber que limpeza e organização devem ser constantes. “As baratas normalmente não se reproduzem em locais limpos”, afirma Neto. Com isso, algumas dicas devem ser seguidas:
- Manter a casa sempre limpa;
- Alimentos devem ser sempre bem armazenados;
- Nunca deixar o cesto de lixo cheio; esvaziar e higienizar com frequência, além de limpar o ambiente no qual o cesto de lixo encontra-se;
- Não deixar louça suja com resto de comida na pia por muito tempo. Caso não consiga lavá-la imediatamente, encha-a com água.
Além disso, Gustavo Schmidt de Melo, professor de Biologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica que as baratas são muito sensíveis ao cheiro. “Elas costumam evitar cheiros fortes de desinfetantes. Então, fica a dica de passar um bom desinfetante todos os dias no chão, após a limpeza normal”, recomenda.
Por outro lado, segundo Melo, elas são atraídas por detritos orgânicos e restos de alimentos. Dessa forma, uma limpeza efetiva deve retirar do ambiente esses resíduos. “Os ralos devem ser tampados e as frestas e vãos nas portas devem ser bloqueados, evitando a entrada dos insetos na casa durante a noite”, ensina.
Cuidado com as doenças transmitidas pelas baratas .cls-1{fill:none;}.cls-2{clip-path:url(#clip-path);} arrow-options shutterstock Dermatite atópica pode ser causada por baratas que "passeiam" pelo nosso corpo
Por conta da capacidade de alterar os habitats durante os períodos do dia, a barata é capaz de propagar doenças. “Se pensarmos na dinâmica desses insetos, podemos imaginar que durante o dia repousam em ambientes escuros, úmidos e quentes como fossas sépticas, tubulações de esgotos, latrinas ou até mesmo no lixo que está há dias sem coleta”, explica Neto.
Ele continua: “Já no período noturno, podemos imaginar essas baratas invadindo e percorrendo habitações, como supermercados, lanchonetes, barracas de lanches, restaurantes, cozinhas, hospitais e, por fim, invadem nossos lares. Dentro desse contexto, sabe-se que há uma infinidade de patógenos que podem disseminar”.
Com isso, elas podem transmitir diversos vírus, fungos, protozoários e bactérias. Além disso, há muitos relatos que, durante a noite, enquanto dormimos, as baratas podem percorrer regiões do nosso corpo, atraídas pelos fluidos nasais e orais. Isso pode levar a edemas oculares e dermatites atópicas .
“Muitas alergias estão associadas a baratas e a mais importante é a alergia respiratória que acaba levando ao aumento da sensibilidade à asma. A asma de barata, nome dado a esse processo, tem sido descrita como uma doença mais severa e muito comum que está associada com sintomas perenes e altos níveis de imunoglobulina (lgE) total”, finaliza Neto.