O que você sabe sobre padres e freiras? Provavelmente o mesmo que a grande maioria das pessoas: são indivíduos que se colocam totalmente a serviço de Deus e da Igreja Católica. Fora isto, a menos que você tenha um religioso na família, ou que seja um amigo muito próximo, tudo indica que sabe pouco sobre a vida destas pessoas. E justamente esse desconhecimento nos desperta a curiosidade em saber mais sobre elas.
Alguns sacerdotes se tornam muito populares graças à habilidade em driblar a seriedade que o hábito impõe. Os padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo são exemplos que logo vem à cabeça, mas há muitos religiosos hoje em dia que procuram ter uma personalidade mais descontraída e serem mais acessíveis. Até mesmo para atrair mais fieis para a Igreja. Principalmente os mais jovens.
No entanto, esses casos ainda são exceções. No geral, a vida dos religiosos é marcada pela modéstia, discrição e até mesmo reclusão, dependendo da congregação. Isso pode gerar algumas indagações de nossa parte: o que estas pessoas fazem no dia a dia? Elas recebem salário? Tiram férias? Enfim, uma série de questões que você nunca imaginou sobre ser padre e freira.
Publicidade
Destacamos algumas destas “realidades ocultas” sobre o ofício do sacerdócio. Confira!
1 – Padre recebe salário? Tira férias?
Sim, mas há um nome específico para essa remuneração clériga. Se chama côngrua. A paróquia vive do dinheiro que os fiéis dão como dízimo, como oferta durante as missas ou como espórtula, o pagamento para realizar casamentos, missas votivas, batizados. Com esse dinheiro, o pároco paga as contas (de água, luz…), financia todo tipo de atividade que a paróquia realiza e retira sua parte. Não há vínculo empregatício entre o padre e a igreja.
Alguns padres tem outras fontes de renda, como dar aulas em Universidade, carreira artística ou o aluguel de um imóvel. Mas recomendação da Igreja é que viva com no máximo sete salários mínimos, ou R$ 6.160,00 mensais. E assim como qualquer outro trabalhador, padre tira férias. Neste momento, eles são livres para fazer o que é legal, moral e razoável para os religiosos. Algumas das escolhas mais comuns são esportes, filmes, TV, leitura, partilhar com os amigos e desfrutar do ar livre.
2 – Pré-requisitos para o padre
Os requisitos mínimos para que um fiel da Igreja Católica se torne padre são: ter pelo menos 25 anos de idade; ser do sexo masculino; ter cursado teologia em alguma faculdade autorizada pelo bispo e na maioria dos casos também filosofia; ter sido ordenado diácono; ser solteiro e assim desejar permanecer por toda a vida. O Código de Direito Canônico da Igreja Católica defende que o sacerdócio é um estado vocacional sagrado e perpétuo, não apenas uma profissão.
Como regra geral, os estudos para se tornar um sacerdote são extensos e duram cerca de cinco ou seis anos, dependendo do programa nacional de formação sacerdotal. A Igreja Católica não admite a ordenação de mulheres, por entender que Cristo ordenou sacerdotes apenas aos apóstolos que estiveram presentes na Última Ceia.
3 – Virgindade não é obrigação
A atividade sexual anterior não é uma razão em si mesma para impedir alguém de se tornar freira ou padre. A vida passada de uma pessoa não é a principal preocupação. Se fosse, homens e mulheres que já foram casados não podiam se tornar padres, irmãos ou irmãs (e o fazem). O desafio é se uma pessoa está disposta e capaz de viver agora e amor como um celibato a serviço dos outros.
No entanto, antes de entrar em uma congregação, a castidade é obrigatória por no mínimo de dois a três anos. É muito importante que um candidato seja capaz de provar para si e para a Igreja que ele ou ela pode levar uma vida casta, e ser feliz e saudável ao fazê-lo.
4 – “Vestibular” para freiras
Para se tornar uma freirar, não basta querer e ter vocação. Além de alguns pré-requisitos, há um processo seletivo, conhecido cmo postulado, que pode durar de 1 a 3 anos. A candidata já trabalhará com as outras irmãs, mas arcando com as próprias despesas (é por isso que deve ter uma situação financeira razoável antes de começar). A aspirante a noviça deve ser solteira.
Caso seja casada, uma anulação reconhecida pela Igreja Católica deve ser obtida. Já as viúvas são vistas como solteiras aos olhos da Igreja. Também há o limite de idade. Antigamente, a maioria das freiras já vinha saída direto do colegial ou da faculdade. Hoje em dia, qualquer idade dos 18 aos 40 é aceita. Em certas circunstâncias, mulheres com mais de 40 são aceitas.
Ao tornar-se uma freira, a mulher recebe um anel que demonstra o seu casamento com Deus. É por isso que não é permitido ter outro relacionamento, o qual seria uma distração para o chamado de Deus.
5 – Nome limpo
Normalmente dioceses e congregações religiosas exigem que os candidatos a padres e irmãs resolvam quaisquer dívidas ou obrigações pessoais antes de entrar em um programa de formação. Muitas instituições, no entanto, fazem exceções para empréstimos estudantis e têm políticas específicas sobre um plano para o pagamento justo e equitativo. Se a pessoa tem um histórico de gastos excessivos e dívidas pessoais, especialmente de cartão de crédito, a pessoa geralmente é solicitada a considerar seriamente a sua capacidade de viver uma vida de simplicidade, inerente à vocação religiosa.
6 – A roupa de cada dia
Não há regra quanto às roupas no dia-a-dia. Aqueles que usam hábitos ou clericais o fazem por várias razões. Uma delas é que a vestimenta religiosa é instantaneamente reconhecida como um símbolo de fé em Deus e compromisso com o cristianismo. Outra justificativa frequente é que a roupa religiosa é simples e, portanto, uma forma de viver o voto de pobreza.
Uma irmã, irmão ou padre que veste traje religioso é livre para ter no guarda-roupa algumas peças mais contemporâneas. Algumas comunidades usam roupas mais casuais, preferindo fazer do seu estilo de vida seu principal sinal exterior de fé. Elas vêem no hábito uma barreira entre eles e outras pessoas.
7 – As condições para viúvos
Há muitos bons exemplos de homens e mulheres que se casaram, ficaram viúvos e agora são religiosos. A maioria das comunidades exigem um mínimo de três anos entre a morte do cônjuge e o ingresso para a vida religiosa. Além disso, há crianças envolvidas, uma viúva ou viúvo não pode se tornar um religioso até que os filhos estejam criados e tenham tido a oportunidade de uma educação universitária.