Um novo estudo japonês sobre os tubarões-da-Groenlândia (Somniosus microcephalus) analisou o genoma desses predadores, que habitam as águas geladas do Atlântico Norte e Ártico. Estima-se que esses tubarões possam viver até 400 anos sem desenvolver câncer. A pesquisa sugere que essa longevidade pode ser explicada por um sofisticado mecanismo genético.
Os resultados, ainda não revisados por cientistas independentes, foram publicados em um artigo preliminar na plataforma bioRxiv em 22 de fevereiro. A equipe responsável acredita que as descobertas podem ajudar a desenvolver novos tratamentos contra o câncer e terapias para aumentar a longevidade humana.
Embora muitos cientistas acreditassem que o ambiente gelado dos tubarões fosse o principal fator para sua longa vida, novas evidências genéticas sugerem que a explicação é mais complexa. Ao sequenciar o genoma da espécie, a equipe identificou mecanismos aprimorados de resposta e reparo ao dano no material genético.
Uma classe específica de genes, envolvida na ativação da proteína NF-kB (que regula inflamação, imunidade e sobrevivência celular), se destacou. Comparados a animais de vida mais curta, os tubarões-da-Groenlândia possuem mais cópias desse gene, o que pode ser crucial para a manutenção de sua saúde e longevidade.
“Como as respostas imunológicas, a inflamação e a formação de tumores afetam significativamente o envelhecimento e a expectativa de vida, o aumento de genes envolvidos na sinalização NF-κB pode estar relacionado à longevidade do tubarão da Groenlândia”, afirma Shigeharu Kinoshita, coautor do estudo, ao site New Scientist. Outras criaturas no mar, como o ouriço-do-mar-vermelho, também têm várias cópias dos genes ligados à via de sinalização NF-κB, e vivem mais de 100 anos.
Estudos anteriores já haviam indicado que a presença de múltiplas cópias de 81 genes envolvidos no reparo do DNA e de uma versão alterada do gene TP53, que ajuda a suprimir tumores. Assim, os achados parecem ter uma maior credibilidade científica.