Embora os altos impostos turísticos não tenham impedido Susanne Meier, de 39 anos, de visitar o Butão duas vezes, o país no Himalaia se destaca por sua "Taxa de Desenvolvimento Sustentável", considerada a maior do mundo.
Cada turista paga 200 dólares (R$ 1.148) por dia de visita – um valor elevado para a maioria dos viajantes. Além disso, o imposto é acrescido de custos com motoristas e guias, que são organizados por agências de turismo.
"O povo lá quer turismo sustentável, não turismo barato", afirma Meier, que trabalha para a empresa Bhutan Travel, sediada na Baviera. "Quando os turistas percebem os benefícios dessa taxa, ficam felizes em pagá-la."
Em 2023, o Butão arrecadou 26 milhões de dólares com essa taxa. O Departamento de Turismo do país afirma que os recursos são investidos em saúde, educação, infraestrutura, proteção ambiental e apoio às empresas locais.
IMPOSTO NÃO DESANIMA OS TURISTAS
Apesar do alto custo, a taxa tem um efeito limitador: em 2023, o Butão recebeu apenas 103 mil turistas, sendo a maioria oriunda da Índia.
Em Maiorca, na Espanha, com uma população de 962 mil habitantes, a pressão para limitar o turismo aumentou após a chegada de cerca de 13 milhões de turistas em 2024. A ilha implementou, em 2016, um imposto de hospedagem de até 4 euros (R$ 25) por noite. Agora, o governo das Ilhas Baleares estuda aumentá-lo para 6 euros (R$ 37) e isentá-lo na baixa temporada.
Embora a taxa ajude a financiar projetos sustentáveis, não foi eficaz em reduzir o fluxo de turistas, e a ilha continua a registrar recordes anuais de visitantes.
IMPOSTOS E SEUS EFEITOS NO TURISMO
O impacto desses impostos na demanda turística é modesto, como confirma Jaume Rossello, professor de Economia Aplicada na Universidade Balear, em Palma. Em cidades como Barcelona, os turistas pagam até 7,50 euros (R$ 46) por dia, dependendo da categoria do hotel. Em Berlim, o imposto corresponde a 7,5% do valor da diária, enquanto em Paris, o valor pode chegar a quase 16 euros (R$ 99) por noite em hotéis de categoria mais alta.
ONDE VAI O DINHEIRO ARRECADADO?
Em várias cidades, a receita dos impostos turísticos representa uma parcela significativa da arrecadação municipal. Em Barcelona, por exemplo, são arrecadados cerca de 100 milhões de euros (R$ 624 milhões), o que torna o imposto a terceira maior fonte de renda da cidade.
As autoridades de Barcelona afirmam que os recursos são usados para financiar projetos que beneficiam toda a população, como o Plano Climático Escolar, que instala sistemas de controle climático nas escolas. No entanto, protestos contra o turismo excessivo se intensificaram, com muitos moradores reclamando do impacto nos preços dos aluguéis devido à crescente demanda por imóveis de férias, especialmente via plataformas como a Airbnb.
Em Berlim, a receita do "City Tax", que deve alcançar quase 90 milhões de euros (R$ 561 milhões) em 2024, ainda não tem um destino específico, sendo utilizada no orçamento geral da cidade.
O CASO DE VENEZA: AUMENTO DA TAXA TURÍSTICA
Após muita controvérsia, Veneza iniciou, em 2024, a cobrança de uma taxa turística. Inicialmente, o valor era de 5 euros (R$ 31) para turistas que permanecessem na cidade por até 29 dias durante a alta temporada. No entanto, a oposição alegou que o valor não seria suficiente para desencorajar os turistas de visitarem a cidade, que já sofre com a superlotação.
Como resposta, Veneza estendeu o período de cobrança para 54 dias e aumentou a taxa para 10 euros (R$ 62) para aqueles que não pagassem antecipadamente. No entanto, não se sabe se esse aumento será eficaz para reduzir o fluxo de turistas, enquanto a cidade continua a lidar com os problemas da superlotação.
CONCLUSÃO: EFICÁCIA DAS TAXAS TURÍSTICAS
Embora os impostos turísticos, como os adotados em diversos destinos populares, visem reduzir o impacto do turismo excessivo, especialistas ainda questionam sua eficácia. Para muitos turistas, viajar é uma necessidade básica, e os custos adicionais muitas vezes não representam um impedimento. Assim, a questão sobre a aplicação dos recursos arrecadados e a real capacidade dessas taxas em controlar o turismo em massa permanece em debate.