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Sonda lançada para explorar Vênus a 53 anos deve cair na Terra esta semana

Lixo espacial da missão fracassada a Vênus reentrará na atmosfera entre os dias 7 e 13 de maio, com risco considerado baixo, mas não nulo

Réplica de exposição do módulo de descida da sonda Venera 8, irmã da Kosmos 482. | Foto: Reprodução/NASA
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Após mais de 50 anos orbitando a Terra como lixo espacial, a cápsula soviética Kosmos 482 está prestes a retornar ao planeta. A previsão da NASA é que a reentrada na atmosfera ocorra entre os dias 7 e 13 de maio, com o dia 10 sendo o mais provável para o início da descida. Lançada em 1972 para explorar Vênus, a sonda falhou ao tentar escapar da órbita terrestre e desde então circula o globo silenciosamente.

Apesar da longa espera, a queda da cápsula, que tem cerca de um metro de comprimento e pesa quase 500 quilos, não será controlada. Especialistas alertam que, embora boa parte do equipamento deva se desintegrar no calor da reentrada, fragmentos podem resistir e atingir o solo, em um impacto comparável ao de pequenos meteoritos.

Onde a sonda pode cair?

A localização exata da queda ainda não pode ser determinada. A cápsula pode atingir qualquer ponto entre as latitudes 52°N e 52°S, abrangendo uma vasta faixa que vai do Reino Unido até a Patagônia. Essa incerteza se deve à combinação da órbita baixa com fatores como a atividade solar, que afeta o atrito da cápsula com as camadas superiores da atmosfera.

A sonda é equipada com uma capa semiesférica de titânio, projetada originalmente para suportar a densa atmosfera de Vênus, o que aumenta a chance de partes do objeto sobreviverem à queda. No entanto, o sistema de paraquedas que a desaceleraria provavelmente não está mais funcional.

O que foi a Kosmos 482?

A Kosmos 482 fazia parte do programa Venere, da antiga União Soviética, criado para estudar o planeta Vênus. Ela foi lançada em 31 de março de 1972, poucos dias após a bem-sucedida Venere 8. Contudo, a Kosmos 482 não conseguiu completar sua manobra de transferência e permaneceu presa à gravidade da Terra. Ela se separou em quatro partes: duas caíram em poucas horas e as demais, incluindo o módulo de pouso, ficaram em órbita mais alta.

Desde então, a cápsula tem sido monitorada por astrônomos e agências espaciais. Em 2019, já havia rumores sobre uma queda iminente, que não se confirmou. Agora, no entanto, o retorno parece inevitável e será acompanhado de perto por especialistas em todo o mundo.

Se a reentrada ocorrer à noite e sobre uma região habitada, poderá ser visível como um meteoro lento e brilhante, riscando o céu em um espetáculo raro. Apesar de o risco para populações ser considerado baixo, cientistas continuarão atentos até os últimos momentos dessa reentrada que marca o fim de uma missão que nunca chegou ao seu destino.

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