Um grupo, quatro adultos e dois adolescentes, estava no país havia uma semana. Eles tinham alugado um apartamento no centro da cidade por meio do serviço Airbnb.
"Constatamos que havia seis pessoas mortas, quatro adultos e dois menores de idade, e que provavelmente suas mortes foram causadas por um vazamento de gás", informou o comandante da polícia chilena, Rodrigo Soto, à imprensa local. Os bombeiros esvaziaram o prédio, assim como imóveis na vizinhança. Eles testaram o ar dentro do apartamento e dizem ter descoberto altas concentrações de monóxido de carbono. Uma investigação foi aberta sobre o incidente. Autoridades chilenas ainda não identificaram a causa do vazamento nem seu local exato. Também não sabem por quanto tempo os brasileiros foram expostos ao gás.
Segundo o Itamaraty, serão realizados exames para determinação das causas das mortes.
A família lançou uma campanha de arrecadação para trazer os corpos de volta ao Brasil. No início da tarde desta quinta-feira, o Airbnb informou que vai custear o translado. O monóxido de carbono é liberado pela queima incompleta de combustíveis fósseis e se inalado por longos períodos pode levar à morte.
Altamente tóxico, esse gás é incolor (sem cor) e inodoro (não tem cheiro) e por esse motivo fica difícil detectar sua presença no meio ambiente.
"Ele se liga à hemoglobina (substância que dá a cor vermelha ao sangue e é responsável pelo transporte de oxigênio) de forma bastante ávida e estável (muito mais que a ligação entre a hemoglobina e o oxigênio), reduzindo drasticamente a capacidade de transporte de oxigênio no sangue", explica à BBC News Brasil Gustavo Faibischew Prado, pneumologista da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
"A baixa oxigenação do sangue pode gerar desde dores de cabeça e turvação visual, até desorientação, sonolência, perda de consciência, arritmias e depressão cardiovascular, podendo culminar no óbito", acrescenta Prado.
Essa talvez seja a explicação mais provável sobre por que a família dos turistas brasileiros diz ter recebido telefonemas em que seus parentes falavam coisas desconexas e sem sentido.
Preocupados, os familiares entraram em contato com a polícia brasileira. Um delegado de Florianópolis, por sua vez, acionou o consulado brasileiro em Santiago, que enviou um representante ao apartamento. O diplomata chegou ao local acompanhado de agentes da polícia, que tiveram que entrar à força no imóvel depois que ninguém respondeu à campainha.
Quando abriram a porta, os seis corpos foram encontrados. As janelas do apartamento estavam fechadas.
"Ambientes de instalação devem ser adequadamente ventilados para que haja troca de ar com o ambiente externo e, em particular, os aquecedores de água a gás devem ser instalados em áreas externas ou de serviço e sua chaminé deve ser dimensionada e mantida para que haja exaustão correta dos fumos", diz Edson Moro, gerente Executivo de Operações da Comgás.
"Quando não há exaustão e ventilação adequados, pode haver concentração de monóxido de carbono, resultado de uma queima incompleta, e que é altamente tóxico e inodoro, podendo levar à morte por sua inalação. Por isso, a importância de que todos os requisitos de segurança sejam seguidos", acrescenta ele.
Prado, da SBPT, lembra que "alguns sistemas de aquecimento de água e ambiente (calefação) à gás, especialmente os mais antigos, contam com uma "chama-piloto"".
Em ambientes fechados, a combustão do gás pela chama-piloto e por outros aparelhos como fornos e fogões também pode levar gradativamente à maior produção de monóxido de carbono, reduzindo o oxigênio do ambiente. Entre as condições que levam à queima incompleta e a uma produção maior de monóxido de carbono estão a presença de sujeira nas tubulações do forno ou aquecedor, a falta de regulagem na admissão de ar e gás em proporções adequadas ou a falta de ventilação no ambiente.
Vale lembrar que essa situação pode acabar sendo potencializada em localidades de clima frio, onde as janelas ficam fechadas por mais tempo.
O monóxido de carbono é liberado pela queima incompleta de combustíveis fósseis e se inalado por longos períodos pode levar à morte.
Altamente tóxico, esse gás é incolor (sem cor) e inodoro (não tem cheiro) e por esse motivo fica difícil detectar sua presença no meio ambiente.
"Ele se liga à hemoglobina (substância que dá a cor vermelha ao sangue e é responsável pelo transporte de oxigênio) de forma bastante ávida e estável (muito mais que a ligação entre a hemoglobina e o oxigênio), reduzindo drasticamente a capacidade de transporte de oxigênio no sangue", explica à BBC News Brasil Gustavo Faibischew Prado, pneumologista da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
"A baixa oxigenação do sangue pode gerar desde dores de cabeça e turvação visual, até desorientação, sonolência, perda de consciência, arritmias e depressão cardiovascular, podendo culminar no óbito", acrescenta Prado.
Essa talvez seja a explicação mais provável sobre por que a família dos turistas brasileiros diz ter recebido telefonemas em que seus parentes falavam coisas desconexas e sem sentido.
Preocupados, os familiares entraram em contato com a polícia brasileira. Um delegado de Florianópolis, por sua vez, acionou o consulado brasileiro em Santiago, que enviou um representante ao apartamento. O diplomata chegou ao local acompanhado de agentes da polícia, que tiveram que entrar à força no imóvel depois que ninguém respondeu à campainha.
Quando abriram a porta, os seis corpos foram encontrados. As janelas do apartamento estavam fechadas.
"Ambientes de instalação devem ser adequadamente ventilados para que haja troca de ar com o ambiente externo e, em particular, os aquecedores de água a gás devem ser instalados em áreas externas ou de serviço e sua chaminé deve ser dimensionada e mantida para que haja exaustão correta dos fumos", diz Edson Moro, gerente Executivo de Operações da Comgás, em nota enviada à BBC News Brasil.
"Quando não há exaustão e ventilação adequados, pode haver concentração de monóxido de carbono, resultado de uma queima incompleta, e que é altamente tóxico e inodoro, podendo levar à morte por sua inalação. Por isso, a importância de que todos os requisitos de segurança sejam seguidos", acrescenta ele.
Prado, da SBPT, lembra que "alguns sistemas de aquecimento de água e ambiente (calefação) à gás, especialmente os mais antigos, contam com uma "chama-piloto"".
Em ambientes fechados, a combustão do gás pela chama-piloto e por outros aparelhos como fornos e fogões também pode levar gradativamente à maior produção de monóxido de carbono, reduzindo o oxigênio do ambiente. Entre as condições que levam à queima incompleta e a uma produção maior de monóxido de carbono estão a presença de sujeira nas tubulações do forno ou aquecedor, a falta de regulagem na admissão de ar e gás em proporções adequadas ou a falta de ventilação no ambiente.
Vale lembrar que essa situação pode acabar sendo potencializada em localidades de clima frio, onde as janelas ficam fechadas por mais tempo.
Cheiro forte?
Mas relatos de testemunhas indicam que havia um cheiro forte de gás, o que também pode indicar a hipótese de vazamento de gás de cozinha (normalmente uma mistura de propano e butano).
"Nesta situação, na ausência de suficiente ventilação, exaustão ou renovação, o ambiente fechado teria sua "microatmosfera" tão saturada desses gases advindos do vazamento que a concentração de oxigênio acabaria por chegar a valores muitíssimo inferiores aos quase 21 % em que naturalmente se encontra na natureza", explica Prado, da SBPT.
Esse gás também é inodoro e incolor. Essa é a razão pela qual se adiciona a ele um composto de enxofre chamado mercaptano. Essa substância, de odor forte e desagradável, serve para alertar sobre possíveis vazamentos ─ como se convencionou chamar "cheiro de gás".
"Numa situação em que pode ter havido um pouco de vazamento, alguma combustão (mesmo sem um incêndio ou explosão), concorreriam então ao menos três causas para a asfixia: a escassez relativa de oxigênio no ambiente fechado pela presença dos gases que vazaram, a escassez absoluta do oxigênio pelo consumo (no fogão ou chama-piloto de aquecedores) e a redução do transporte de oxigênio no sangue pela intoxicação por monóxido de carbono", enumera Prado, da SBPT.
Como identificar um vazamento
No caso do gás de cozinha, segundo especialistas, o primeiro passo para saber se há realmente um vazamento ou identificar o local do problema é passar uma esponja com água e sabão neutro nas conexões e nas superfícies suspeitas. O aparecimento de bolhas indica vazamento. Esse procedimento vale para quem tem botijão de gás em casa, presente em 95% dos lares brasileiros, segundo dados do Sindigás (Sindicato Nacional dos Distribuidores de Gás).
Se o vazamento ocorrer durante o uso, a detecção é normalmente feita por "cheiro de gás", por causa do odor do mercaptano.
Em relação ao gás natural encanado, o método para detectar vazamento é feito a partir do teste de estanqueidade, que verifica as condições de toda a tubulação e conexões. Esse teste é exigência do Corpo de Bombeiros e, segundo o órgão, é a única forma de garantir que não há vazamento no sistema.
Além disso, outras orientações devem ser seguidas caso haja a suspeita de vazamento de gás. São elas:
- Feche a válvula de gás imediatamente
- Abra as portas e as janelas
- Não fume, não acenda velas, isqueiros ou produza qualquer tipo de faísca
- Não ligue nem desligue equipamentos eletrônicos, nem acione interruptores de eletricidade (luzes ou campainha, por exemplo). Em vez disso, desligue a chave geral de eletricidade.
- Não use telefone fixo ou celular.
No caso de um vazamento, a recomendação é acionar o número de emergência da concessionária que fornece o gás ou o Corpo de Bombeiros de sua região. Também avise a seus vizinhos sobre o vazamento.
Outra opção cada vez mais comum é instalar sensores de detecção de gás. Nesse caso, o consumidor precisa ficar atento à melhor maneira de instalá-lo. Também vai depender do tipo de gás a ser detectado. No caso do gás natural, é aconselhável colocar os sensores em paredes livres de obstáculos. O aparelho tem que estar próximo das articulações e da fonte principal de fornecimento.
Cuidado com reformas
Moro, da Comgás, também alerta para reformas, que "podem danificar as tubulações e modificar a ventilação permanente necessária". "Atenção também deve ser dada ao posicionamento da tubulação de gás, como no uso de furadeiras, que podem danificar o tubo e gerar vazamentos", acrescenta.
Ele lembra ainda da necessidade de manutenção regular. "As instalações prediais que utilizam gás e as instalações e manutenções de equipamentos requerem profissionais habilitados para sua execução", conclui.