Praticar exercícios é bom e faz bem à saúde e à mente, mas alguns cuidados são necessários para que isso não se torne um problema. Frequentar uma academia é uma das formas de se manter longe do sedentarismo – que, você já deve saber bem, causa diversos prejuízos para a saúde. Mas há quem vá em busca de mais qualidade de vida e acaba encontrando problemas: as indesejáveis lesões, que podem causar dores, desconfortos e até levar a tratamento mais extremos como a cirurgia.
“Existem dois tipos de lesões: as macrotraumáticas, quando a pessoa tem um trauma único que desencadeia o problema, e as microtraumáticas, que se instalam aos poucos por meio de exercícios ou movimentos que excedem a capacidade fisiológica da pessoa. Os dois tipos podem ocorrer entre os frequentadores de academia, mas a ocorrência das microtraumáticas é mais comum” diz Marcos Henrique Ferreira Laraya, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).
Os tipos de lesão variam muito de acordo com a modalidade que o aluno pratica, mas, de forma geral, ombro, joelho e lombar são as regiões do corpo mais afetadas. “Às vezes, o problema pode surgir por causa de uma questão que nem o aluno sabe que tem. Por isso, é fundamental procurar um lugar que faça uma avaliação completa antes de iniciar os treinos, que contemple análise morfológica, comportamental e dos objetivos da pessoa”, afirma Aderson Loureiro, doutor em Ciências do Exercício e professor de Cinesiologia e Anatomia na Unisinos, do Rio Grande do Sul.
Se a lesão apareceu, o atleta primeiro precisa descobrir a causa. É um leque grande de possibilidades: pode ser excesso de carga, algum erro repetido de movimento, intensidade, volume ou frequência. Depois, ele tem de avaliar o que o deixou suscetível àquela lesão - algum desequilíbrio ou alguma fraqueza que precise ser trabalhada.
Durante o processo, não costuma ser necessário interromper todas as atividades físicas, somente aquelas relacionadas à lesão. Mais tarde, com todos os problemas corrigidos, o aluno poderá voltar a executar normalmente os exercícios.
Lesões nos joelhos são relativamente comuns entre praticantes de esportes que fazem o exercício de forma irregular ou excedem a capacidade fisiológica. — Foto: Victor Freitas/Pexels
Listamos as lesões comuns entre quem frequenta a academia. Confira:
Lesões no ombro
O ombro é uma articulação extremamente vulnerável e queixa frequente principalmente entre praticantes de musculação e crossfit. De acordo com o presidente eleito da SBMEE, Marcos Henrique Ferreira Laraya, os problemas são comuns por causa do impacto entre o acrômio, que faz parte da articulação do ombro, e dos tendões do chamado manguito rotador. Isso pode causar lesões como tendinites e até rompimento. “Normalmente, esse problema ocorre quando o aluno que não está preparado realiza alguma atividade que exija elevação do ombro acima de 90 graus” afirma Laraya. O professor da Unisinos Aderson Loureiro lembra: “Por isso, existe a necessidade de um direcionamento individualizado para cada aluno”.
Lesões no joelho
Reclamar de dor no joelho é algo comum entre os frequentadores de academia. “Muitas vezes, a pessoa não tem uma lesão propriamente dita, mas se a musculatura não está preparada e ela vai fazer uma corrida na esteira, um step ou alguma outra atividade que demande o uso do joelho, a articulação pode ficar sobrecarregada”, alerta o presidente eleito da SBMEE. Para reduzir o risco de problemas no joelho, portanto, é preciso condicionar bem os músculos da coxa, da perna e do quadril. Além disso, Aderson Loureiro alerta para que os alunos fiquem atentos a exercícios com grande volume de repetições e de intensidade, como o agachamento: “A biomecânica do joelho precisa ser muito bem avaliada. Não há exercícios totalmente contraindicados, o que há são exercícios contraindicados para determinadas pessoas”, esclarece.
Lesões na lombar
Mesmo quem não tem problema prévio na coluna pode sofrer com dores na lombar. “Existe uma musculatura que chamamos de musculatura do equilíbrio, o core. A fraqueza do core pode gerar dor na lombar, um desequilíbrio que gera lesão por sobrecarga”, explica Laraya. As lesões lombares exigem bastante cuidado, pois podem evoluir até para uma hérnia de disco. “Exercícios como o terra e o stiff, apesar de serem extremamente eficientes, necessitam de uma boa técnica de execução para não gerarem problemas”, indica Loureiro.
Lesões musculares
São consideradas lesões macrotraumáticas e, dentro das academias, podem afetar principalmente quem opta por correr na esteira. “Existem três graus de lesão muscular: o estiramento, a ruptura parcial e a ruptura total. Normalmente, ela ocorre na região posterior da coxa e da panturrilha”, diz Laraya. Ainda de acordo com o presidente eleito da SBMEE, não há consenso na literatura médica sobre quais fatores aumentam ou não o risco de lesão, mas diversos estudos indicam que falta de aquecimento, de flexibilidade e de alongamento pode ser perigosa. “Não é que tenha que ficar puxando o músculo antes de fazer exercício, mas é preciso ter flexibilidade, o que s