A Ferrari Dino GT é um dos modelos mais icônicos já produzidos pela montadora italiana. Equipado com o, até então, inédito motor V6 de 2,4 litros — antes a marca só utilizava motores V12 em seus cupês —, o veículo era capaz de gerar 195 cavalos de potência. No entanto, muito além de seu desempenho e potência, o modelo também chamou atenção por ser alvo de um dos roubos mais enigmáticos e bizarros da história do mundo dos carros: a Dino enterrada.
O roubo
A história começa de maneira inusitada em 1978. Na ocasião, duas crianças brincavam em um quintal quando encontraram uma superfície de metal que estava cravada no meio da terra. Curiosas, revelaram a descoberta para um policial que fazia ronda na rua naquele momento.
Após cavar com às próprias mãos, o agente percebeu a magnitude da descoberta. Logo imaginou que não seria nada fácil. Assim, decidiu contatar o setor de investigação do Departamento de Polícia de Los Angeles, pedindo ajuda para resgatar o veículo.
Embaixo da terra, foi revelada uma Ferrari Dino GT 1974, que fora roubada. Fato curioso, que chamou a atenção dos investigadores, é que o veículo estava protegido por cobertores em seu interior e nas saídas de escape — o que impediria que a terra se alojasse no carro e prejudicasse seu funcionamento.
O cenário fez com que acreditassem que quem o enterrou lá tinha a intenção de ressuscitá-lo em algum momento. Desencadeando um enigima. Bom, incialmente vale ressaltar que aquele Dino GT foi pintado com a cor verde metálico, uma das mais raras do modelo, o que o tornou praticamente único, facilitando identificação pelas ruas.
O carro em questão pertencia Rosendo Cruz, que havia o adquirido em setembro de 1974. O roubo aconteceu cerca de três meses depois, quando Cruz e sua esposa foram jantar no Brown Derby, um requintado restaurante comumente visitado por estrelas de Hollywood.
Na oportunidade, Rosendo decidiu estacionar seu veículo na rua, já que havia estranhado o comportamento do manobrista. Porém, mal sabia que aquela seria a última vez que havia dirigido seu carro.
Após notar o desaparecimento do veículo, acionou a polícia e registrou o roubo, recebendo, dias depois, cerca de 22.500 dólares de sua seguradora. O caso parecia só mais um roubo comum, até que sua descoberta no ano posterior gerou duas teorias sobre o crime.
Roubo ou encenação?
Alguns investigadores acreditam que o carro não teria sido roubado e que Cruz teria forjado a situação para receber o dinheiro do seguro. O que corrobora com isso é o fato de que o automóvel não tinha sinais de arrombamento e que seus vidros estavam intactos, o que os levaram a acreditar que os criminosos teriam as chaves do carro.
Com essa hipótese, os policias especularam que Rosendo havia contratado ladrões para sumir com o veículo, desmontá-lo e enterrá-lo. No entanto, por algum motivo, os bandidos teriam decidido ficar com o veículo e acabaram o enterrando com todos os cuidados necessários.
Outro ponto curioso é que o emblema que leva o nome do modelo, que fica na parte de trás do carro, havia sido arrancado. Para os policiais, seria uma maneira dos criminosos provarem para o encanador que o serviço havia sido feito.
Conforme relatado pela Quatro Rodas, a segunda possibilidade é que o veículo tenha sido realmente roubado. O motivo para que o carro não tivesse sinas de arrombamento é que os criminosos seriam exímios profissionais, utilizando os melhores equipamentos disponíveis para tal missão.
Assim, eles levaram o carro para o sul de Los Angeles, onde o guardaram até encontrarem um possível comprador. No entanto, como o carro era único, a missão não foi nada fácil e, sendo assim, decidiram enterrá-lo para não correrem o risco de alguém descobrir.
Caso encontrassem um comprador no mercado alternativo, eles tirariam a Ferrari debaixo da terra. Para provarem que eles realmente estavam vendendo o carro, eles teriam arrancado à placa de identificação do modelo.
Apesar das duas hipóteses fazerem sentido, nenhuma apresentou provas concretas, fazendo com que o caso permanecesse um mistério até hoje. A única coisa que se sabe, no entanto, é que o veículo foi comprado, em 1978, por Brad Howard, que pagou 8 mil dólares no leilão feito pela seguradora.
Posteriormente, o carro foi restaurado e participa, desde então, de encontros de carros antigos, carregando a placa “Dug up”, que significa “desenterrado”, em inglês.