Desde os anos 1960, diversas expressões são utilizadas para caracterizar as sensações que surgem ao inalar os mais diversos tipos de maconha. Euforia, ficar chapado ou "alto", viajar, entre outros, são termos muito comuns para descrever um mesmo estado alterado de percepção que dá a impressão de um mundo distorcido, lento e mais relaxado do que o normal, sendo efeitos causados pela presença do tetrahidrocanabinol na planta, popularmente conhecido como THC.
Mas como isso ocorre no organismo?
Após ser inalado, o THC atinge todo o sistema circulatório do corpo em cerca de 20 minutos, quando é distribuído dos pulmões para a corrente sanguínea do usuário.
Sendo atiradas para o cérebro após atingir níveis bastante elevados, as moléculas de tetrahidrocanabinol logo se encaixam nos receptores que normalmente recebem endocanabinoides — substância produzida pelo próprio organismo — e que estão envolvidos com as funções de estresse, ingestão, metabolismo e dor.
"O sistema endocanabinoide é o sistema modulatório mais difundido e importante do cérebro porque controla a liberação de quase todos os neurotransmissores", comentou Daniele Piomelli, professora da Irvine School of Medicine, na Universidade da Califórnia. Dessa forma, os neurônios (ou neurotransmissores) passam a enviar e receber mensagens através das sinapses, ativando uma espécie de "telefone sem fio", informando a atividade através de uma cadeia comunicativa.
O CB1 ou canabioide 1
Com a ativação de neurotransmissores, a rede sináptica automaticamente interrompe a liberação de novos neurônios, porém na forma de endocanabinoides, que se conectam com receptores chamados canabinoide 1 (CB1). O THC, então, passa a agir de uma maneira completamente distinta quando o cérebro interrompe o fluxo de neurônios, resultando em um acúmulo de informações.
Segundo os cientistas, a paralisação causada pela inalação do tetrahidrocanabinol acaba gerando uma espécie de "desconexão" da rede, onde o usuário de cannabis é levado "a um lugar mental onde a função das coisas que experimentamos é menos importante do que as coisas em si: nossas mãos não são mais apenas algo que usamos para tocar ou agarrar, mas algo com existência interior e valor intrínseco".
Apesar da compreensão sobre o funcionamento de receptores e neurotransmissores após a detecção de substâncias da cannabis no organismo, pesquisadores ainda continuam estudando para entender melhor a relação entre a planta e as outras regiões do cérebro.