O português vem ganhando cada vez mais espaço na China. Atualmente, 50 universidades chinesas oferecem cursos do idioma, número que cresceu exponencialmente desde o ano 2000, quando apenas três instituições de ensino superior na China continental tinham programas dedicados à língua.
O ensino começou em 1960, em Pequim, e se expandiu especialmente após a devolução de Macau à China, em 1999. Mesmo após o fim da colonização portuguesa, a tradição linguística permaneceu forte na Região Administrativa Especial de Macau e impulsionou o interesse pelo idioma no país.
Por que os chineses querem aprender português?
Segundo Zhang Yunfeng, coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP) de Macau, o crescimento do ensino do português está ligado à forte cooperação entre a China e os países lusófonos.
“Neste momento, há muitas colaborações entre a China e os países de língua portuguesa, a vários níveis: economia, comércio, educação e cultura. Por isso, muitas universidades e instituições de ensino superior na China abriram cursos de português, e os alunos também querem conhecer melhor o mundo lusófono”, explica Zhang.
O aumento da demanda também se reflete na criação de materiais acadêmicos sobre o idioma. Em 2023, foi lançada a primeira revista acadêmica sobre português na Ásia, Orientes de Português, uma parceria do CPCLP com a Universidade do Porto.
Oportunidades profissionais para quem fala português
Para os estudantes chineses, aprender português abre portas no mercado de trabalho. Empresas chinesas que mantêm relações comerciais com Brasil, Portugal, Angola e outros países lusófonos buscam profissionais fluentes no idioma.
O Instituto Politécnico de Macau, por exemplo, oferece cursos de formação de professores, tradução e interpretação português-chinês, além de uma licenciatura focada nas relações comerciais entre a China e os países lusófonos.
Desafios do ensino do português na China
Mesmo com o crescimento, há desafios. Um deles é a diversificação de materiais pedagógicos. Outro ponto crítico é a formação de professores.
“Muitos chineses que ensinam português ainda estão fazendo mestrado e doutorado, mas daqui a cinco ou dez anos o número de professores doutorados vai aumentar muito”, destaca Zhang.
Com o fortalecimento das relações entre a China e o mundo lusófono, a tendência é que o interesse pelo português continue crescendo nos próximos anos.