A Igreja orienta os católicos a se absterem de carne às sextas-feiras na Quaresma (seja na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa), e dá o sinal positivo para peixe no cardápio.
Ao meionorte.com, o padre da Paróquia Nossa Sra. da Vitória em Oeiras, Possidônio Barbosa esclarece esse ponto que deixa muitas pessoas confusas sobre as tradições, especialmente aquelas que apreciam muito comer peixe e não consideram uma penitência ficar sem carne.
Primeiro de tudo, por que peixe é ‘carne’ e, segundo, porque sexta-feira?
Conforme o religioso, o mandamento da Igreja indica que sexta-feira da paixão é dia de jejum e abstinência. Uma vez que se acredita que o filho de Deus sofreu e morreu na cruz numa sexta-feira, os cristãos, desde o início, dedicaram esse dia para unir seu sofrimento a Jesus.
“Sexta-feira é o dia do sacrifício, é o dia da paixão e morte de Cristo, ele abdicou da própria vida, da sua carne, para nos garantir a dignidade. Ele se entrega no sacrifício da cruz. Nesse momento somos chamados a fazer esse sacrifício, de contemplar e nos levar a solidariedade com os mais sofredores”, atenta Possidônio Barbosa.
Nas proposições do vigário, na história da Igreja a carne era uma iguaria sempre apontada como sacrifício digno, associada com festas e celebrações.
Abater um “bezerro” era comum para se comemorar algo. “Logo que as sextas-feiras passaram a ser consideras um dia penitência, comer carne nesse dia não parecia certo para os cristãos”.
Mas porque o peixe não é considerado “carne”?
As leis da escritura consideram que a carne vem apenas de animais como galinhas, vacas, ovelhas ou porcos – todos eles vivem em terra. As aves também são consideradas carne. Peixes, por outro lado, não estão nessa mesma classificação. Além disso, o peixe nessa cultura era considerado um símbolo.
“No grego, o nome peixe significa ‘Cristo’, ele está associado à pessoa de Jesus Cristo. No início da era cristã, os apóstolos usavam como símbolo o peixe, como eles eram perseguidos, não se podia andar com crucifixos como hoje”, elucidou Possidônio.
Ao discorrer sobre o assunto com a Semana Santa, Possidônio Barbosa aponta que a intenção da Igreja é encorajar os fiéis a oferecer um sacrifício a Deus.
“É o sacrifício que redime e que leva a comunhão com Cristo e com os irmãos, sobretudo, os mais sofredores. A carne é considerada uma penitência básica. Qualquer coisa feita com sacrifício, o resultado é muito maior. É isso que fortalece e nos encoraja para se unir a Deus até a vitória”, assinalou o sacerdote.