As dunas da Reserva Natural Especial Dunas de Maspalomas, localizada na ilha de Gran Canaria, na Espanha, estão sendo degradadas por práticas sexuais realizadas por turistas, aponta uma pesquisa realizada pelo Journal of Environmental Management. O sexo em si não é a causa de preocupação, mas o lixo deixado no local e a vegetação comprometida.
Protegida desde 1982, a área recebe mais de 14 milhões de visistantes anualmente, principalmente por cruzeiros. Atualmente, ela está sendo inserida no que é chamado de turismo predatório, que consiste em regiões impactadas pelos impactos negativos do ponto de vista ambiental, social, cultural e econômico.
O artigo que fez o alerta, chamado "Sand, Sun, Sea and Sex with Strangers, the ‘five S’s", aponta que existem cerca de 298 pontos de mais 5 mil quilômetros quadrados em que os turistas se encontram para fazer sexo. Essa área preserva uma grande diversidade de vegetação.
Além da duna, a degradação causada na reserva também impacta a existênia de ao menos oito espécies nativas, sendo três delas endêmicas (ou seja, só crescem naquela determinada região). Os turistas danificam as espécies e as removem, junto da areia, ao pisarem nelas.
Um dos autores do relatório, Patrick Hesp, escreveu no The Conversation que os lagartos gigantes da Gran Canaria, que são figuras conhecidas na região, morreram após comer preservativos deixados para trás. O local também deve afetar aves que migram entre a África e a Europa, já que as dunas são pontos de descanso para essea animais durante a migração.
Além disso, foram encontrados resíduos como bitucas de cigarro, preservativos, papel higiênico, latas e até mesmo pontos com urinas e fezes. As áreas mais remotas são as mais poluídas. Alguns pontos têm mínima infraestrutura, como latas de lixo, mas estão frequentemente cheias demais.
Essa degradação é encontrada até mesmo em regiões em que o público não pode acessar, conhecida como "zona de exclusão". Por lá, estima-se a existência de mais de 50 pontos de sexo. O artigo aponta que isso indica uma falta de educação ambiental por parte dos visitantes que vão para a reserva.
Hesp aponta ainda que a Grand Canária é muito frequentada por turistas LGBTQIA+ . No entanto, não são só esses turistas que praticam sexo na região e, ele salienta, não há intenção de culpar essa população. “Não estamos pedindo o fim do sexo público, mas queremos que as pessoas estejam cientes dos danos que ele pode causar”, pediu.