Uma pesquisa inédita realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) traçou o perfil das profissionais do sexo que atuam na capital do Estado, Goiânia, considerada uma importante rota de prostituição e turismo sexual nacional e internacional.
A maioria das prostituas afirmou estar na profissão porque a renda é mais alta do que no mercado formal. O estudo abordou mulheres de todas as camadas sociais, incluindo profissionais de luxo.
Grande parte delas é casada ou possui companheiro fixo e, destas, cerca de 70% são responsáveis pelo sustento dos maridos, filhos ou pais – especialmente as que trabalham em casas de luxo. Elas chegam a receber R$ 30 mil por mês com a comercialização sexual.
DSTs e preconceito
Segundo o professor Marcos André de Matos, pesquisador da Faculdade de Enfermagem da instituição, foi identificado que a prevalência das doenças hepatites B e C, HIV e HTLV é mais alta nas prostitutas do que na população de maneira geral.
Devido à discriminação que sofrem em postos de saúde, as profissionais encontram dificuldade em acessar o serviço, constatou o estudo. Os horários de trabalho – geralmente noturno – são outro empecilho.
Ademais, as mulheres acabam sendo expostas a inúmeros comportamentos que colocam a saúde delas em risco, devido às características inerentes à prostituição. A falta de regulamentação da profissão contribui para este cenário.
A pesquisa
A publicação do estudo ressalta que, durante a pesquisa, que teve duração de um ano e meio, todas as participantes foram vacinadas contra Hepatite B, difteria, tétano e gripe e receberam orientações.
O trabalho foi conduzido em locais públicos e privados da capital, tais como: chácaras de luxo, bares, boates, casas de show erótico, bordéis, cinemas e ruas. O estudo utilizou o Respondent-Driven Sampling (RDS), uma nova metodologia de amostragem que permitiu alcance de mulheres antes inacessíveis e que ficavam à margem dos serviços e inquéritos de saúde.