Para passar, 1º lugar da UFRGS em medicina eliminou Facebook e WhatsApp

Essa foi a rotina diária de Bruna Sollitto, por quatro anos, para finalmente conseguir, neste ano, passar em medicina em uma universidade pública.

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Acorda cedo, vai para o cursinho, almoça, participa de aulas especiais para quem quer prestar medicina, vai para casa, continua estudando, janta, dá mais uma lida na matéria, toma banho e dorme.

Essa foi a rotina diária de Bruna Sollitto, por quatro anos, para finalmente conseguir, neste ano, passar em medicina em uma universidade pública.

Para se classificar em 1º lugar na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), ela deixou de lado baladas, amigos, namoro, filmes e shows de rock. Adeus, Facebook e WhatsApp.

Para não entrar em colapso diante de uma carga tão intensa de estudos, a jovem de 21 anos buscou refúgio em um hobby antigo, o desenho. Nos poucos momentos de descanso, pegava um pedaço de papel e um lápis para rascunhar rostos e personagens.

"Gosto de desenhar. Sempre dava um tempinho. O desenho foi minha válvula de escape", afirmou a estudante que vive com os pais na Vila Mascote, zona sul de São Paulo.

 Escola particular

Bruna fez a educação básica em escolas particulares em São Paulo. Quando terminou o ensino médio, encarou quatro anos de preparatório para o vestibular. Foram dois anos no Objetivo e os dois últimos no Poliedro.

Após quatro anos de cursinho e uma rotina de 14 horas de estudos todos os dias, incluindo sábados e domingos, Bruna sente que conseguiu cumprir seu dever. Mesmo assim, se surpreendeu com a primeira colocação na UFRGS que utiliza a nota do Enem pelo Sisu como processo seletivo.

"Foi uma surpresa. Não pensei que eu fosse passar em primeiro lugar. Eu sabia que tinha feito um bom Enem, mas medicina é medicina, né?", contou.

Bruna já havia passado no curso desejado em uma universidade pública antes. No começo de 2014, foi aprovada na UFF (Universidade Federal Fluminense). No entanto, achou que não se adaptaria ao Rio de Janeiro e, por isso, insistiu em mais um ano de cursinho.

A estudante admite estar bastante apreensiva quanto a morar em Porto Alegre. Ela sempre viveu em São Paulo, com os pais. Além disso, vai visitar o Rio Grande do Sul pela primeira vez nesta semana, justamente no período de matrícula.

"Certamente, vou ter uma vida diferente da que eu levo em São Paulo. Porto Alegre é uma capital de Estado, mas parece ser um lugar mais tranquilo do que onde eu vivo", afirmou. "Vou ficar bem longe da minha família e ainda tenho de ver onde eu vou morar. É preocupante, não conheço a cidade. Não sei se vou me adaptar. Na teoria tudo parece ser legal, mas a prática é bem mais complicada."

 Moda

A jovem paulistana já chegou a cursar um semestre de faculdade. O curso escolhido na ocasião, porém, não tem absolutamente nada a ver com medicina. Após dois anos de cursinho e, cansada de tentar ser médica, Bruna se matriculou em moda.

Não deu certo. Apesar de adorar desenhar, o curso não tinha sua cara, segundo ela. Medicina era uma paixão mais antiga e muito mais arrebatadora. A estudante abandonou a faculdade, trocou de cursinho e focou no sonho.

Mesmo distante mais de 1.100 km de seus pais – que sempre estiveram no quarto ao lado -, em uma cidade nova, ao lado de pessoas que nunca viu antes na vida, Bruna diz ter certeza de que vai gostar do curso. Quer dizer, quase: "Não tenho medo de não gostar de medicina. Acho difícil que isso aconteça... mas a gente nunca sabe, né?".

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