Para 27% dos universitários abusar de garota bêbada não é violência

14% dos homens e mulheres estudantes conhecem casos de estupros.

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A divulgação dos resultados da pesquisa "Violência contra a mulher no ambiente universitário", realizada pelo Instituto Avon e pelo Data Popular, revela um cenário desolador nas faculdades. Segundo o levantamento, feito com homens e mulheres de universidades brasileiras, mostra que 27% dos homens entrevistados acreditam que se uma garota tiver bebido demais abusar dela não é uma forma de violência.

Além disso, aponta também que 14% dos homens e mulheres estudantes conhecem casos de mulheres estupradas. E mais: entre os homens, 13% disseram já terem cometido pelo menos um tipo de violência sexual, e 28% das mulheres já sofreram algum tipo de violência dessa natureza.

Foram ouvidos 1.823 estudantes de graduação e pós-graduação de todo o país: 1.091 são mulheres e 732, homens. As perguntas se referiam tanto a atividades dentro das salas de aula como em festas e confraternizações.

Entre as violências, foram listadas a agressão física, o estupro, o assédio sexual e a coerção – como ser obrigada a ingerir bebidas alcoólicas ou drogas, ou ser drogada sem consentimento. Também entraram na lista a desqualificação intelectual e a agressão moral ou psicológica, inclusive ser xingada por rejeitar uma investida e ser incluída em rankings de beleza ou atributos sexuais sem autorização.

A conclusão imediata é que algumas das violências são ainda vistas como consequências naturais do comportamento da mulher ou brincadeiras sem intenção de ofender ou intimidar. Não só  27% dos entrevistados acreditam que "abusar da garota se ela estiver alcoolizada" não é uma violência, como 35% disseram que também não é uma violência "coagir uma mulher a participar de atividades degradantes, como desfiles e leilões". E só piora: repassar fotos ou vídeos das colegas sem autorização delas não foi considerada uma forma de violência para 31% dos homens entrevistados.

Para as garotas, o resultado é que, diante disso,  11% das universitárias entrevistadas já sofreram uma tentativa de abuso quando estavam sob efeito de álcool, e 36% delas já deixaram de fazer alguma atividade na universidade. E mais: 42% afirmaram que já sentiram medo de sofrer algum tipo de violência de gênero no ambiente universitário, porque elas têm a percepção de que não apenas criminosos externos, mas também colegas, professores, parceiros do cotidiano, podem ser protagonistas de violências que vão da desqualificação intelectual ao assédio moral e sexual, chegando até ao estupro.

Esses dados todos, aterrorizantes, mostram que ainda há muito a fazer no caminho pelo respeito às mulheres. Para quem não entende a necessidade do feminismo, acho que fica bem claro. Enquanto jovens acreditarem que têm direito de abusar de uma mulher por ela estar bêbada, ou que coagir as colegas não é violência, continuaremos a viver nessa barbárie.

A pesquisa mostra que é URGENTE uma mudança de mentalidade, que se pare de jogar para cima do comportamento da mulher a culpa pelas agressões que sofre. Elas não podem ser privadas de usufruir da vida na universidade por medo de serem violentadas, expostas, exibidas em leilões.

Os homens precisam melhorar, e muito. Às meninas cabe denunciar todo tipo de abuso. Não dá mais para aceitar esse machismo que mata, exclui, estupra e ainda acha que a culpa é das garotas. Não custa lembrar: beber não é um crime. Estuprar sim.

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