Uma pesquisa internacional publicada na revista Nature Geoscience revelou que antigos pântanos do Hemisfério Sul guardam sinais de uma grande virada climática ocorrida há cerca de 15 mil anos. Segundo o estudo, mudanças bruscas nos Ventos Oeste foram determinantes para a expansão dessas áreas logo após a última Era do Gelo.
🌎 Pântanos surgiram simultaneamente em diferentes regiões
Por décadas, cientistas tentaram entender por que extensos pântanos de turfa surgiram ao mesmo tempo em regiões distantes, como América do Sul, Australásia, África do Sul e ilhas subantárticas. Agora, especialistas liderados pela Universidade de Southampton acreditam ter chegado à resposta.
🌊 Ventos alteraram comportamento do Oceano Antártico
Conforme a autora principal, Dra. Zoë Thomas, o deslocamento dos ventos mudou a dinâmica do Oceano Antártico, o maior reservatório natural de carbono do planeta. “Quando os ventos se moveram para o norte 15 mil anos atrás, eles modificaram a mistura das águas do oceano, influenciando diretamente quanto carbono é absorvido ou liberado”, explicou.
🏞️ Turfeiras são grandes depósitos naturais de carbono
As áreas de turfa funcionam como enormes depósitos de carbono, formadas ao longo de milênios pela decomposição de matéria vegetal em solos permanentemente encharcados. Para identificar quando surgiram, os pesquisadores aplicaram datação por radiocarbono em amostras coletadas nos quatro continentes envolvidos.
Os resultados mostraram que a formação dos pântanos coincidiu com as mudanças na posição dos Ventos Oeste e com oscilações nos níveis de CO₂ da atmosfera.
⚠️ Mudanças atuais dos ventos preocupam especialistas
As conclusões também servem como alerta para o presente. Observações recentes indicam que os Ventos Oeste estão novamente mudando de posição — desta vez em direção ao Polo Sul, impulsionados pelas mudanças climáticas.
Segundo a Dra. Thomas, esse deslocamento já contribui para o aumento de secas e incêndios florestais no Hemisfério Sul e pode comprometer a capacidade do oceano de capturar carbono.
Se o maior sumidouro natural de carbono da Terra perder eficiência, o CO₂ vai se acumular ainda mais rápido, intensificando o aquecimento global, alertou a coautora Dra. Haidee Cadd, da Universidade de Wollongong, na Austrália.