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O romance proibido que derrubou o CEO da Nestlé; veja o que se sabe

Laurent Freixe foi afastado após investigação confirmar relação com subordinada. Decisão provoca mudanças na liderança global e reacende debate sobre limites entre vida pessoal e regras corporativas.

Laurent Freixe (à esq.) foi demitido por manter um relacionamento secreto com uma funcionária; Philipp Navratil (dir.) assume | Foto: Nestlé/ Divulgação
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A Nestlé anunciou na segunda-feira (1º) a demissão de seu CEO global, Laurent Freixe, após uma investigação interna confirmar que o executivo mantinha um relacionamento amoroso com uma funcionária sob sua supervisão. A conduta fere o Código de Ética da empresa e gerou forte repercussão no meio corporativo internacional.

O episódio, ocorrido na sede suíça da companhia, levantou questionamentos sobre transparência, governança e as fronteiras entre vida pessoal e profissional. Jornais locais especularam que a funcionária envolvida teria recebido uma promoção durante o período de relacionamento, mas a Nestlé não confirmou a informação.

Como o caso veio à tona

De acordo com o portal suíço SRF, o conselho de administração recebeu a primeira denúncia em maio deste ano, por meio dos canais internos da companhia. Uma investigação preliminar não encontrou indícios de má conduta, mas novos relatos levaram a uma apuração mais profunda, conduzida por consultoria externa e pelo próprio conselho.

Foi nessa segunda fase que a relação foi confirmada, forçando a decisão pela saída de Freixe.

Quem são os envolvidos?

A identidade da funcionária não foi oficialmente divulgada. Informações extraoficiais publicadas pelo portal Inside Paradeplatz apontam que ela atuava no setor de marketing e, posteriormente, teria sido promovida à vice-presidência para as Américas.

Francês, nascido em 1962, Freixe dedicou quase 40 anos de sua carreira à Nestlé. Ingressou em 1986 na divisão francesa e comandou operações em diversos países, chegando ao conselho executivo em 2008.

Em 2024, assumiu o cargo de CEO global. Fora da gestão corporativa, foi reconhecido pela criação do programa Nestlé Needs YOUth, que estimula a empregabilidade jovem.

O novo comando

Com a saída de Freixe, o cargo será ocupado por Philipp Navratil, executivo que está na Nestlé desde 2001. Ele já liderou operações em Honduras, México e recentemente comandava a Nespresso.

“Philipp é reconhecido por entregar resultados mesmo em ambientes desafiadores”, afirmou Paul Bulcke, presidente do conselho.

Já Navratil disse estar “honrado” em assumir a missão e prometeu “intensificar a criação de valor” na companhia.

Debate jurídico e corporativo

No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não trata diretamente de relacionamentos no ambiente corporativo, e a Constituição assegura o direito à vida privada. Para especialistas, proibi-los pode ser considerado abuso, mas empresas têm autonomia para criar códigos internos que evitem relações entre chefes e subordinados.

A advogada Cristina Pena destaca:

“Proibir que as pessoas se apaixonem é inconstitucional, mas é possível estabelecer regras sobre o comportamento no ambiente profissional.”

Já o advogado Ronaldo Ferreira Tolentino ressalta:

“Regular fora do ambiente de trabalho é invasão de privacidade.”

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