A Nestlé anunciou na segunda-feira (1º) a demissão de seu CEO global, Laurent Freixe, após uma investigação interna confirmar que o executivo mantinha um relacionamento amoroso com uma funcionária sob sua supervisão. A conduta fere o Código de Ética da empresa e gerou forte repercussão no meio corporativo internacional.
O episódio, ocorrido na sede suíça da companhia, levantou questionamentos sobre transparência, governança e as fronteiras entre vida pessoal e profissional. Jornais locais especularam que a funcionária envolvida teria recebido uma promoção durante o período de relacionamento, mas a Nestlé não confirmou a informação.
Como o caso veio à tona
De acordo com o portal suíço SRF, o conselho de administração recebeu a primeira denúncia em maio deste ano, por meio dos canais internos da companhia. Uma investigação preliminar não encontrou indícios de má conduta, mas novos relatos levaram a uma apuração mais profunda, conduzida por consultoria externa e pelo próprio conselho.
Foi nessa segunda fase que a relação foi confirmada, forçando a decisão pela saída de Freixe.
Quem são os envolvidos?
A identidade da funcionária não foi oficialmente divulgada. Informações extraoficiais publicadas pelo portal Inside Paradeplatz apontam que ela atuava no setor de marketing e, posteriormente, teria sido promovida à vice-presidência para as Américas.
Francês, nascido em 1962, Freixe dedicou quase 40 anos de sua carreira à Nestlé. Ingressou em 1986 na divisão francesa e comandou operações em diversos países, chegando ao conselho executivo em 2008.
Em 2024, assumiu o cargo de CEO global. Fora da gestão corporativa, foi reconhecido pela criação do programa Nestlé Needs YOUth, que estimula a empregabilidade jovem.
O novo comando
Com a saída de Freixe, o cargo será ocupado por Philipp Navratil, executivo que está na Nestlé desde 2001. Ele já liderou operações em Honduras, México e recentemente comandava a Nespresso.
“Philipp é reconhecido por entregar resultados mesmo em ambientes desafiadores”, afirmou Paul Bulcke, presidente do conselho.
Já Navratil disse estar “honrado” em assumir a missão e prometeu “intensificar a criação de valor” na companhia.
Debate jurídico e corporativo
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não trata diretamente de relacionamentos no ambiente corporativo, e a Constituição assegura o direito à vida privada. Para especialistas, proibi-los pode ser considerado abuso, mas empresas têm autonomia para criar códigos internos que evitem relações entre chefes e subordinados.
A advogada Cristina Pena destaca:
“Proibir que as pessoas se apaixonem é inconstitucional, mas é possível estabelecer regras sobre o comportamento no ambiente profissional.”
Já o advogado Ronaldo Ferreira Tolentino ressalta:
“Regular fora do ambiente de trabalho é invasão de privacidade.”