Com as tensões entre potências nucleares crescendo no cenário internacional, volta à tona a pergunta: o Brasil escaparia de uma guerra nuclear? A resposta não é simples e depende diretamente dos países envolvidos no conflito. Hoje, três nações concentram o maior poder destrutivo: Estados Unidos, Rússia e China.
Esses países operam mísseis intercontinentais com alcances de até 16 mil quilômetros, como o Minuteman III (EUA), o SS-18 “Satan” (Rússia) e o DF-41 (China). Todos são capazes de atingir praticamente qualquer ponto do planeta, incluindo o Brasil.
Segundo o Missile Threat, plataforma ligada ao Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), esses mísseis formam o núcleo do novo paradigma de ameaças do século XXI.
Em conflitos regionais, Brasil estaria fora da rota
Fora do embate entre superpotências, o Brasil provavelmente ficaria de fora de ataques diretos. Mesmo em cenários envolvendo outros países com arsenal nuclear, como Índia, Paquistão, Coreia do Norte, Israel e Irã, a distância geográfica e a ausência de envolvimento direto em alianças militares tornam o território brasileiro um alvo improvável.
Por exemplo, o Irã possui o míssil Soumar, com alcance de 3 mil km, enquanto Israel tem o Jericho 3, que alcança até 6.500 km. Nenhum dos dois chega à América do Sul. O mesmo se aplica ao Paquistão e à Índia, cujos mísseis são projetados para atingir alvos regionais. Já a Coreia do Norte, com o Hwasong-14, pode alcançar cerca de 10.400 km, teoricamente capaz de atingir partes da América do Norte, mas não o Brasil.
Riscos indiretos e impactos globais
Mesmo fora da rota direta de mísseis, o Brasil não estaria ileso. Uma guerra nuclear entre potências traria efeitos colaterais globais: instabilidade econômica, colapso de cadeias de suprimento, impactos ambientais e crise humanitária internacional. Além disso, alianças políticas e sanções comerciais podem arrastar nações neutras para o centro da crise.
Na prática, a geografia oferece ao Brasil certa vantagem estratégica, mas não a imunidade absoluta. Escapar das explosões seria possível dos impactos, não.