A norte-americana Enedina Vance postou uma montagem que mostra a filha de seis meses com um "piercing" na bochecha. A intenção dela: criticar como a circuncisão de meninos e o "ritual" de furar as orelhas das meninas são considerados normais nos Estados Unidos, além de gerar um debate sobre o direito das crianças à integridade física e ao consentimento.
"Parece foto, não?!! Eu sei que ela vai amar isso!! Ela vai me agradecer quando ficar mais velha. Se ela decidir que ela não gosta, ela pode simplesmente tirar. Sem problemas", escreveu ela ao publicar a imagem na última quarta-feira (28). "Eu sou a mãe, ela é MINHA FILHA, então eu faço o que eu quiser. Eu vou decidir tudo por ela até que ela tenha 18 anos, eu sou a dona dela!!! Eu não preciso da permissão de ninguém, eu acho que é mlehor, mais fofo e prefiro ela com o piercing na covinha. Não é abuso!! Se fosse, seria ilegal, mas não é. As pessoas colocam piercings em seus filhos todos os dias, isso não é diferente. Meu bebê, minha escolha. Escolha dos pais, direitos dos filhos!! Não me julgue, pois todos nós criamos nossos filhos de jeitos diferentes, não é da conta de ninguém afinal", finalizou.
A publicação feita em tom de ironia e, inclusive, marcada com a hashtag #sarcasmo viralizou - com mais de 12 mil compartilhamentos até agora. No entanto, muitas pessoas não entenderam a real mensagem, e Enedina passou a ser atacada e a receber ameaças de morte por supostamente ter mutilado a filha.
Diante de tantas críticas, ela questiona como as pessoas não veem a circuncisão dos garotos com a mesma revolta que viram o suposto piercing na bochecha de uma criança. "Se um 'piercing' no meu bebê causa tanta indignação, porque ela não teve como dar consentimento, por que as pessoas não estão furiosas com o 'piercing' em qualquer parte do corpo?", questiona a norte-americana em entrevista ao Yahoo Beauty. "Por que é diferente quando são as orelhas? Por que está certo modificar, alterar e mutilar nossos filhos aos padrões da sociedade? E por que as pessoas ficam tão bravas quando aponto sua hipocrisia?".
Enedina ainda explicou ao site que tornou-se ativista na luta contra as alterações físicas em crianças quando estava grávida do primeiro filho. À época, ela foi questionada pelo médico se queria que o filho fosse circuncidado. "Fui para casa e fiz muita pesquisa. Nunca tinha sequer pensado sobre isso, já que cresci em uma casa cheia de mulheres", relembra Enedina. "Descobri que muitas pesquisas pelo mundo provam que a circuncisão não traz absolutamente nenhum benefício para a saúde. Na verdade, encontrei estudos que mostram que isso causa danos ao pênis. Danos permanentes".
Para ela, a solução seria tirar dos pais a autonomia sobre o corpo dos filhos: "Deveria ser escolha de cada pessoa o que ela faz o corpo dela. Nem mesmo os pais deveriam ser autorizados a decidir".
Recentemente, tem ganhado força nos Estados Unidos uma campanha contra a mutilação genital masculina, que pede que a circuncisão seja reconhecida como crime. Atualmente, o procedimento é considerado legal perante a lei desde que feito com a autorização dos pais.