Você já parou para pensar em como seria sua vida sem braços? Como você usaria talheres, passaria maquiagem, usaria o celular?
Pois Linda Bannon nasceu com esta deficiência física, e nem por isso deixou de fazer nenhuma dessas coisas. Portadora de um problema genético chamado síndrome de Holt-Oram, que afeta o coração e o esqueleto, Linda usou próteses até os 12 anos, mas deixou-as de lado quando percebeu que elas eram mais um estorvo do que uma forma de ajuda.
Desde então, ela domina a arte de usar seus pés como se fossem mãos, de modo que consegue nadar, costurar, escrever e tocar violão perfeitamente. Ela não deixou que sua condição física, que afeta uma pessoa a cada 100 mil, a impedisse de ser feliz.
— Tento ser o mais ativa possível, e encontrar meios de me adaptar a todo tipo de atividade. Posso dizer que sou uma mulher bastante aventureira.
A única hora na qual Linda pede ajuda ao marido Rick é para dirigir — e isso apenas por questão de segurança. Os dois se conheceram na academia, e não demorou muito até que Rick a pedisse em casamento. Para decidirem formar uma família, foi um passo. No entanto, eles precisavam lidar com a possibilidade de seus filhos herdarem a condição de Linda — os médicos diziam que havia 50% de chances de isso acontecer.
Os próprios pais de Linda não estavam preparados para enfrentar as dificuldades que tiveram quando a filha nasceu, e ficaram ainda mais assustados quando os médicos sugeriram que eles a dessem para adoção.
— Meus pais foram pegos desprevenidos, e ficaram muito bravos com a sugestão do médico. Eles jamais consideraram não ficar comigo.
Quando o filho de Linda e Rick nasceu com a mesma síndrome que a mãe, o casal deu a ele todo o apoio necessário, e recebeu, ainda, muito carinho dos médicos — bem diferente do que os pais de Linda tiveram no passado. Timmy, que hoje tem nove anos, precisou passar por uma cirurgia no coração logo após o nascimento, e esta foi a pior parte para Linda — muito mais do que se preocupar com as dificuldades que teria para trocar as fraldas do bebê, por exemplo.
A ligação entre mãe e filho é muito forte e clara para todos que conhecem a família. Os dois adoram nadas, pintar e fazer uma infinita lista de coisas juntas, mas Linda reconhece que Timmy precisará enfrentar muitos obstáculos conforme for crescendo. — Sei que vai ter momentos em que a vida vai ser difícil para ele. Nossa relação é muito especial. De uma maneira egoísta, o vejo como alguém igual a mim, que me entende. Se ele tivesse os braços, isso não existiria.
Apesar da semelhança física, Linda conta que a personalidade dela e de seu filho são bem diferentes.
— Quando eu estava na escola, as outras crianças riam de mim porque eu não conseguia amarrar meus cadarços, então eu pedia ajuda aos meus pais para achar um modo de fazer aquilo sozinha. Tim, por outro lado, tem 10 anos e ainda não aprendeu várias coisas, ele tem um jeito mais relaxado.
Juntos, os dois visitam escolas e faculdades para ajudar a promover a consciência das pessoas sobre os deficientes físicos, provando que as diferenças não impedem ninguém de conseguir o que todo mundo consegue.
— Somos igualmente capazes.