Uma descoberta inédita revelou um tipo raro de formação geológica no Brasil. As chamadas “chaminés de fada” foram encontradas no nordeste de Goiás, perto da divisa com Tocantins e Bahia.
As estruturas, que podem chegar a três metros de altura, foram estudadas pela geóloga Joana Paula Sanchez, pesquisadora da Universidade Federal de Goiás (UFG). Segundo ela, o fenômeno ocorre devido à erosão em diferentes tipos de rocha, que se desgastam em velocidades distintas ao longo do tempo.
Como se formaram as estruturas
De acordo com Sanchez, há muito tempo existia um rio na região. Durante períodos de chuva intensa, a correnteza carregava grandes rochas das montanhas próximas. Com o passar dos anos, o rio foi escavando a base das rochas maiores, dando origem às formações que lembram totens ou figuras humanas com chapéus, o que inspirou o nome “chaminés de fada”.
“Essas formações aparecem porque a parte de baixo da rocha é mais frágil, enquanto o topo é mais resistente e acaba protegendo o restante”, explicou a geóloga.
Diferente de outras formações parecidas encontradas em outros países, as “chaminés” goianas não têm origem vulcânica, mas sedimentar — ou seja, se formaram a partir de camadas de areia e cascalho depositadas por rios antigos. Com o processo de desertificação atual, o local se mantém preservado, já que quase não há mais água na região para causar erosão.
Estudo começou em 2022
Sanchez contou que teve acesso às primeiras fotos da área em 2022, e no ano seguinte iniciou as pesquisas no local. A equipe percebeu que a formação é bem maior do que outras já conhecidas em Goiás.
“O que mais chama atenção é o tamanho da área e o estado de conservação. É muito raro encontrar chaminés de fada tão grandes e bem preservadas”, destacou.
Preservação da área
Por se tratar de um ambiente sensível, a localização exata das formações não está sendo divulgada. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estuda a criação de uma unidade de conservação para proteger o local de mudanças climáticas e atividades agrícolas.
Além do valor científico, a geóloga acredita que o local pode se tornar um ponto turístico, atraindo visitantes interessados em geologia e natureza.
“É uma descoberta que une ciência e beleza natural. Encontrar algo tão raro e tão bem preservado foi realmente surpreendente”, completou Sanchez.