Indianos podem se divorciar por WhatsApp,repetindo palavra 3 vezes

No entanto, somente os homens podem pedir a separação

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A lei da charia, nome dado ao direito islâmico, possui várias cláusulas bastante controversas até mesmo entre os seguidores dessa religião. Uma delas, a que permite a separação instantânea, é desaprovada por quase todos os países muçulmanos, mas ainda está em vigor na Índia. Para isso, o homem, e apenas ele, deve proferir 3 vezes seguidas a palavra “talaq”, que pode ser traduzida como “divórcio”, para se declarar divorciado.

Recentemente, isso virou caso de polícia quando duas mulheres prestaram queixas de seus maridos, que são irmãos, por eles terem feito isso através do WhatsApp. O triplo talaq permite que eles expulsem as mulheres de casa assim que as “palavras mágicas” são proferidas, sem qualquer razão aparente para isso acontecer, basta o homem querer.

Dados mostram que cada vez mais indianos estão usando meios tecnológicos para reafirmar essa separação. De acordo com a charia, a mulher não precisa nem estar presente quando as palavras são ditas; logo, se o marido diz “talaq, talaq, talaq”, a separação está consumada. Isso crio um estado de tensão constante entre as esposas, com medo de ouvirem isso por qualquer deslize.

Luta por direitos

Syed Heena Fatima e Mehreen Noo, moradoras de Hyderabad, no norte do país, eram casadas com os irmãos Syed Fayazuddin Hussaini e Mohd Abdul Akheel. Os homens foram transferidos para os Estados Unidos para trabalhar e aproveitaram a liberdade na terra do Tio Sam para aplicar o triplo talaq por WhatsApp.

Syed recebeu a sentença há 6 meses, enquanto Mehreen foi expulsa de seu casamento há poucos dias. Com isso, elas foram expulsas da casa dos sogros e resolveram protestar e prestar queixa contra os ex-maridos. “Meu marido colocou ‘talaq talaq talaq’ como sua imagem de exibição no WhatsApp e me escreveu dizendo que estava tudo terminado”, conta Mehreen.

A reclamação maior de Syed é em relação aos filhos. “A charia permite que você se divorcie de mim, mas quem vai cuidar de nossos filhos? A charia não te pede para cuidar dos teus filhos?”, desabafa a mulher. Para piorar a coisa, o triplo talaq ainda exime os maridos de pagar 1/3 de seus salários como pensão alimentícia, que é o que aconteceria pelas leis tradicionais da Índia.

Em 2016, várias mulheres tentaram uma petição junto ao Supremo Tribunal do país para que a regra do triplo talaq seja revogada. Apesar de o governo concordar que deveria existir a igualdade de gênero no país, a regra permanece em vigor. Já o Conselho de Direito Pessoal Muçulmano da Índia defende a prática alegando que é melhor o homem fazer isso do que matar a mulher. 

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