Em janeiro, Muthuvel Karunanidhi Stalin, ministro-chefe de Tamil Nadu, na Índia, ofereceu uma recompensa de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,9 milhões) para quem decifrar um enigmático código de 5.300 anos, gravado em cerâmica pela civilização do Vale do Indo, uma das primeiras sociedades urbanas do mundo.
Segundo a BBC, a civilização do Vale do Indo era composta por fazendeiros e comerciantes que viviam em cidades muradas de tijolos. Desde sua descoberta há um século, cerca de dois mil sítios arqueológicos foram identificados na região. No entanto, as causas de seu declínio repentino permanecem um mistério, sem sinais claros de guerra, fome ou desastres naturais.
Dificuldades na decodificação
A expectativa de respostas está na decodificação da escrita, que aparenta ligação com o Brahmi, sumério e línguas dravidianas e indo-arianas. Há registro de pelo menos 4 mil inscrições no idioma Indo, geralmente breves, com média de cinco símbolos por texto.
A análise é dificultada pelo tamanho reduzido dos textos e pela ausência de um artefato bilíngue que permita correlacionar os símbolos com sistemas conhecidos. Da mesma forma, os hieróglifos egípcios só foram decifrados graças à Pedra de Roseta.
Recentemente, avanços foram feitos com o uso de aprendizado de máquina para analisar a escrita. A equipe descobriu que 67 sinais representam 80% da escrita, e um símbolo que se assemelha a um jarro com duas alças foi o mais utilizado.
Observou-se que os textos começaram com muitos sinais e diminuíram ao longo do tempo, com alguns sendo mais frequentes. Além disso, um modelo de aprendizado de máquina foi criado para restaurar textos danificados, abrindo caminho para futuras pesquisas.
Prêmio milionário
O prêmio de US$ 1 milhão foi anunciado após um estudo que ligou as placas do Vale do Indo a pichações encontradas em Tamil Nadu. A pesquisa analisou 14.000 fragmentos de cerâmica de 140 sítios, e 60% dos sinais se assemelham aos da escrita do Indo.
Apesar de sugerir um contato cultural, os cientistas duvidam da eficácia do "concurso", pois, mesmo com bancos de dados completos, ainda não conseguiram decifrar os sinais.