Enquanto avança a operação gigantesca para mover o Ever Given, cargueiro encalhado desde terça-feira (23) no Canal de Suez, centenas de navios se amontoam em ambos os lados da passagem, esperando sua vez de atravessar.
Até esta sexta-feira (26/3), havia 237 embarcações paralisadas nas proximidades do canal no Egito, segundo dados coletados pela agência de notícias EFE junto à Leth Agencies, que oferece serviços de logística em diversos canais e estreitos do mundo.
O bloqueio interrompeu a passagem entre a Ásia e a Europa de mercadorias avaliadas em US$ 9,6 bilhões por dia, segundo a consultoria Lloyd's List Intelligence.
Mais de 12% do comércio mundial se move ao longo da rota, de acordo com dados da Autoridade do Canal de Suez. Alguns navios já cogitavam contornar o sul da África, como o Ever Greet, também da Evergreen, segundo a Lloyd's List, embora a travessia leve quase 12 dias a mais.
No momento, a estratégia usada para desencalhar o navio é a retirada de areia da margem e o uso de navios rebocadores para puxar no Ever Given.
Caso isso continue não sendo suficiente, as equipes de resgate podem ter que remover alguns dos contêineres que o navio carrega para aliviar o seu peso, afirma Osama Rabie, o presidente da SCA (Suez Canal Authority, empresa estatal que administra a passagem).. Ele diz, no entanto, que esperava que isso não fosse necessário.
Foi iniciada também a dragagem do canal ao redor do navio. Boskalis, a empresa de dragagem, disse que para desencalhar o navio será necessário dragar, rebocar e também retirar o peso da carga, tomando cuidado para não desequilibrar o navio.
John Denholm, presidente da Câmara de Navegação do Reino Unido, disse anteriormente à BBC que a transferência da carga para outro navio ou para a margem do canal envolveria trazer equipamentos especializados, incluindo um guindaste que precisaria ter mais de 60 metros de altura.
"Se seguirmos essa estratégia de deixar o navio mais leve, suspeito que o tempo para o desencalhe seja de semanas", disse Denholm.
Os primeiros relatos diziam que o navio de 400 metros e 200 mil toneladas bateu na margem em meio a fortes ventos e uma tempestade de areia que afetaram a visibilidade. No entanto, Rabie afirma que as condições meteorológicas não foram "os principais motivos" para o encalhe do navio.
"Pode ter havido problemas técnicos ou erro humano", diz, sem dar detalhes. "Todos esses fatores (que levaram ao problema) serão esclarecidos na investigação."