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IA pode cortar 92 milhões de empregos, mas algumas carreiras resistem

Setores como construção civil e cuidados humanos seguem menos ameaçados, enquanto profissionais de escritório correm mais riscos

Fórum Econômico Mundial prevê: reviravolta tecnológica vai eliminar 92 milhões de empregos até 2030, mas também criar 170 milhões novos | Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
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A inteligência artificial (IA) vem provocando mudanças profundas no mercado de trabalho. Gigantes como Amazon, Microsoft e Shopify já anunciaram cortes de pessoal, com a justificativa de que a tecnologia está assumindo funções antes desempenhadas por humanos. O CEO da Amazon, Andy Jassy, afirmou que a IA afetará uma ampla gama de setores e empregos.

A estimativa mais recente do Fórum Econômico Mundial prevê que a revolução tecnológica poderá eliminar até 92 milhões de empregos até 2030, ao mesmo tempo em que criará 170 milhões de novas vagas, em áreas ainda em desenvolvimento. O impacto será maior nos países desenvolvidos, com 60% dos empregos afetados, metade negativamente.

Segundo o Fundo Monetário Internacional, nas economias emergentes, 40% das ocupações serão influenciadas pela IA. Já nos países de baixa renda, esse número cai para 26%, mas o ganho em produtividade também será menor.

Quais empregos estão mais ameaçados?

Diferente de revoluções tecnológicas anteriores, que afetaram principalmente os trabalhadores manuais e menos qualificados, a onda atual deve atingir também profissões que exigem maior escolaridade, principalmente nas áreas administrativas, de tecnologia e análise de dados.

De acordo com o Pew Research Center, as profissões mais vulneráveis incluem:

  • Programadores e desenvolvedores de websites
  • Contadores
  • Redatores técnicos
  • Digitadores e operadores de dados

Por outro lado, funções que exigem presença física e interação humana direta, como operários da construção civil, cuidadores e bombeiros, tendem a ser mais resistentes à automação.

Otimismo entre os economistas

Apesar do receio crescente de desemprego em massa, economistas têm apontado para o outro lado da moeda: a transformação positiva do trabalho. Para o especialista alemão Enzo Weber, do Instituto de Pesquisa sobre o Trabalho (IAB), a IA tende a melhorar a produtividade e expandir as funções humanas, e não a substituí-las por completo.

“Na maioria dos casos, a IA apoia os trabalhadores, permitindo que desenvolvam novas tarefas e as realizem melhor”, afirma. Estudos da Universidade de Harvard reforçam essa visão, apontando que a automação pode aumentar a produtividade a ponto de gerar novos postos de trabalho.

O desafio é se adaptar

O sucesso da IA no ambiente de trabalho também depende da abertura das empresas e dos trabalhadores à tecnologia. Resistir ao seu uso pode limitar os ganhos de produtividade prometidos.

Weber defende que empresas invistam em capacitação e requalificação profissional para que os funcionários acompanhem o avanço tecnológico. “A IA é um divisor de águas. Mas é preciso estar preparado para aproveitar as oportunidades que ela traz”, diz.

O futuro do trabalho, portanto, não está apenas na substituição de funções, mas na reinvenção das profissões e na capacidade de adaptação de cada setor à nova realidade.

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