Um estudo da Universidade de Amsterdã, na Holanda, da Universidade de York, no Reino Unido, e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, encontrou evidências da capacidade humana de deduzir comportamentos a partir de vocalizações de chimpanzés. A pesquisa foi publicada no último dia 17 de junho na revista científica Proceedings of Royal Society B.
Estudos anteriores apontaram que nós, humanos, somos capazes de interpretar o que animais querem dizer a partir dos sons emitidos — como o ronrona do gato, o latido do cachorro e até mesmo o rugido do leão. Entretanto, ainda faltavam pesquisas sobre até onde essa nossa habilidade pode chegar.
Por isso, a equipe internacional de cientistas decidiu investigar como pessoas interpretam vocalizações de uma espécie bem próxima à nossa: o chimpanzé. Eles realizaram dois experimentos envolvendo mais de 3.400 voluntários, que ouviram os sons de chimpanzés e depois tentaram deduzir seu contexto.
No primeiro teste, os pesquisadores pediram aos participantes que selecionassem, numa lista de 10 categorias de comportamentos, os que mais se associavam a um som emitido pelos primatas. As pessoas não conseguiram cumprir a tarefa, então os estudiosos partiram para outra abordagem: pediram aos voluntários que respondessem apenas "sim" ou "não" quando um som fosse compatível a uma palavra comportamental apresentada em um computador.
As características comportamentais dos chimpanzés estavam relacionadas a diferentes situações: separados da mãe, atacados por um agressor, sendo ameaçados, recusando um alimento de que gostam ou um de que não gostam, descobrindo uma grande quantidade de comida, levando um susto e copulando.
Os pesquisadores descobriram que os voluntários foram bons em conectar vocalizações com apenas alguns comportamentos dos animais. Eles podiam conectar os sons feitos pelos chimpanzés descobrindo uma boa refeição, por exemplo, ou quando lhes era negada uma comida de que realmente gostavam. As pessoas falharam mais ao associar sons produzidos durante a cópula ou quando um jovem chimpanzé era separado de sua mãe.
Os cientistas perceberam que, no geral, as pessoas foram melhores em conectar vocalizações negativas. Eles acreditam que isso pode estar relacionado à identificação de vocalizações entre espécies, que estão ligadas às habilidades de sobrevivência na natureza.