Imagine entrar em uma loja e não conseguir ler as embalagens dos alimentos, ou ser incapaz de ler um e-mail, pagar contas ou até mesmo responder uma simples mensagem de texto. Em outras palavras, imagine a sua vida se você não soubesse ler ou escrever.
Essa é parte da história de vida de um homem chamado John Corcoran, de acordo com o site espanhol Genial.guru. No entanto, por muitos anos ele trabalhou lecionando em uma escola, embora fosse analfabeto. Sem saber que era disléxico, ele enfrentou tempos difíceis durante a sua época como estudante, de modo que fazia o possível para se tornar “invisível”. Ele admitiu que talvez sua vida tivesse sido diferente se à época soubesse sobre a doença, mas há quase meio século ninguém sabia quase nada sobre a dislexia.
Ele contou que na segunda série era taxado de idiota, e que em uma ocasião chegou a ser punido quando se recusou a ler. Assim, seguiu com dificuldade o restante de sua jornada escolar. “Eu me lembro que quando tinha oito anos, pedi a Deus: ‘Por favor, se amanhã me pedirem para ler, que eu consiga”, disse.
Então, para tentar esconder sua dificuldade de ler e escrever passou a se comportar mal na escola, correndo pelos corredores até que fosse suspenso. Então, quando recebia tarefas para casa, pedia aos amigos para que o fizessem, e quando tinha provas, costumava colar para se sair bem. Assim, “trapaceando”, ele conseguiu terminar a escola e entrar em uma faculdade. Ele descobriu que era muito bom em jogar basquete, o que lhe garantiu uma bolsa em uma universidade.
Ele notou então que o ensino superior seria um desafio ainda maior, e para isso teve de aperfeiçoar seu talento de disfarçar a condição. Ele até tentava reunir as informações que os professores passavam e os tipos de perguntas que costumavam fazer, mas, durante as aulas, matava o tempo riscando o caderno de modo a fingir que estava fazendo anotações, e em seguida arrancava as folhas e jogava fora para que ninguém soubesse que era incapaz de escrever. Também costumava passar horas encarando livros, fingido que lia.
Assim, utilizando diferentes truques, ele conseguiu terminar a faculdade e até mesmo conseguir um título de “professor de inglês”. Como na época havia uma escassez de professores, foi admitido como um em uma escola primária, dando início a uma trajetória que duraria 17 anos, embora fosse analfabeto. Para conseguir dar aulas, ele pedia a diferentes alunos que lessem as atividades do livro e, em seguida, as copiassem no quadro. Para corrigir as provas, colocava-as em sobreposição a um molde com as alternativas corretas. E foi assim que conseguiu lecionar por quase duas décadas em diferentes escolas.
Em 1965, Jonh conheceu sua futura esposa, Kathy, a quem confidenciou seu segredo. Ele contou que, antes do casamento, revelou a ela que não podia ler. Então, uma vez juntos, era ela quem lia e respondia suas cartas, bem como escrevia seus artigos. Ela afirmou que o motivo de não ter ensinado o marido a ler era que ninguém conseguia ajudá-lo.
No outono de 1986, quando completou 48 anos, abriram dentro de uma biblioteca, uma oficina de leitura administrada por sua mulher. Pouco tempo depois disso, trabalhando pacientemente com o método fonético, letra por letra, ele aprendeu a ler. Um ano depois, ele já conseguia ler livros, jornais, revista e embalagens.