Você provavelmente já viu, durante algum jogo de futebol ou corridas no automobilismo, um mar de fotógrafos fazendo imagens com câmeras de última geração e lentes enormes, certo? Pois bem: o norte-americano Joshua Paul resolveu fazer um pouquinho diferente: ele registrou diversas etapas da Fórmula 1 durante 2016 com uma câmera de “apenas” 104 anos de idade.
O fotógrafo acompanhou a categoria máxima do automobilismo com uma Grafex Auto R.B. fabricada em 1913. A relíquia foi um presente de seu instrutor James Fee, quando ainda era um estudante de fotografia no Art Center College of Design em Pasadena, na Califórnia, como um agradecimento por limpar a sala escura de Fee e ajudá-lo nas impressões de seus álbuns.
A câmera, inclusive, é a mesma que foi utilizada por Margaret Bourke-White, a primeira fotojornalista de guerra norte-americana e a primeira fotógrafa estrangeira que pôde fazer registros do primeiro Plano Quinquenal da União Soviética.
Enquanto as máquinas fotográficas modernas conseguem tirar até 20 fotos por segundo, a Graflex 1913 de Joshua pode registrar a mesma quantidade em um dia inteiro de uso – o que exige que o fotógrafo planeje com calma cada uma das imagens que fará. Pelos resultados, dá para perceber que o norte-americano tem uma visão muito especial.
Uma das maiores dificuldades de se tirar a foto é justamente fazer o efeito de “panning”, que é quando precisa acompanhar o movimento do objeto principal, que, no caso, é um carro Fórmula 1, para mantê-lo em foco enquanto o restante do cenário fica com o efeito de “arrasto”.
“Não é difícil, mas é um processo que à vezes dá certo, mas outras vezes não. Para fazer o panning de um carro de F1 em velocidade, é bastante complicado, e eu posso gastar várias tentativas e não conseguir um resultado satisfatório. De qualquer forma, meu objetivo não é registrar a corrida, mas sim a Fórmula 1 por si só, então estou mais interessado nas pessoas, nos carros, nas ferramentas e na atmosfera”, explicou Joshua em entrevista para o site Bored Panda.
O interessante é que a Fórmula 1 não era o foco original do norte-americano. “Eu vim para Barcelona em 2013 para ver o Blur tocar no Primavera Sound Music Festival. Sabendo que a corrida ia acontecer no mesmo período, eu me inscrevi para conseguir uma credencial com a revista Road & Track. Três dias antes da minha viagem, o credenciamento foi aprovado e, quando cheguei na Europa, fui chamado para o GP de Mônaco e para as corridas subsequentes. Foi a primeira vez que fotografei uma corrida de carros”, conta.