Exagerar nas bebidas alcoólicas durante isolamento pode não ajudar

Contexto da pandemia unido à ingestão de álcool pode facilitar as doenças gástricas e aumentar o risco de uma série de doenças, como câncer.

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O consumo de bebidas alcoólicas, apesar de trazer um efeito imediato de relaxamento, pode causar um agravamento nos quadros de depressão e ansiedade e, ainda, no isolamento atual devido ao coronavírus Sars-CoV-2, exigir uma disciplina maior para manter a saúde mental em dia.

"O álcool tem esta duplicidade, um efeito agudo rápido que deixa a pessoa mais animada, um efeito poderoso imediato e prazeroso. Mas, infelizmente, o uso regular vai piorar os sintomas de ansiedade e depressão, além de um efeito indesejado com o aumento de doenças gástricas e o risco de uma série de doenças, como o câncer de mama", disse o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor titular da Escola Paulista de Medicina.

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De acordo com o médico, não há um consenso científico sobre qual é a quantidade segura de consumo diário de álcool. A maioria das pesquisas recomendam até uma dose para as mulheres - 1 copo de cerveja, 1 taça de vinho, 1 dose de destilado - e até duas para os homens. Mesmo assim, não há como garantir nenhum efeito colateral no corpo.

Laranjeira disse que um dos melhores remédios para manter a saúde mental é a interação, o não isolamento, e a manutenção da rotina. Desta forma, a união do fator álcool com uma quarentena forçada pode aumentar os sintomas da depressão e da ansiedade.

"O isolamento social do ponto de vista psiquiátrico é a pior coisa que pode acontecer para todos nós. O que naturalmente os psiquiatras falam é que os deprimidos devem evitar o isolamento. Na atual conjuntura, é impossível. E beber pode só piorar a situação".

No Brasil, o médico avalia que é ainda é cedo para dizer que a quarentena do coronavírus pode aumentar o abuso de álcool na população em geral. Ele explica que mais de 80% dos brasileiros preferem beber fora de casa: "Não é a toa que temos mais de 1 milhão de pontos de venda na rua", disse.

Por isso, o psiquiatra acredita que os jovens devem beber até menos devido ao avanço da pandemia. O cuidado maior deve estar com a faixa etária entre 50 e 60 anos, que também está entre a que mais consome esse tipo de produto.

"52% da população brasileira não bebe, ou seja, a maioria dela não bebe. E 20 a 30% das pessoas que bebem consomem 80% de todo o álcool do Brasil. Chamamos esse grupo de população de risco".

"Com o isolamento, eu acho que o consumo de jovens, que está mais relacionado à vida social, deve diminuir. O mesmo não deve acontecer com o pessoal mais velho. Acho que isso faz sentido".

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