Os celulares têm mecanismos para alterar o relógio automaticamente quando países entram ou saem do horário de verão, mas isso nem sempre acontece como esperado. No Brasil, que não adota a mudança desde 2019, alguns usuários continuam tendo seus smartphones alterados. E isso gera muita dor de cabeça.
No último domingo (7), vários usuários relataram que seus celulares estavam com a hora adiantada. É que o horário de verão, em 2018, a última vez em que esteve em vigor, começou no primeiro fim de semana de novembro. Desde então, alguns celulares continuam fazendo a mudança.
A falha, geralmente registrada em celulares com sistema operacional Android, que roda em cerca de 80% dos celulares do mundo, acontece porque alguns deles ainda estão programados para o padrão de 2018.
O Google, dono do Android, explicou ao g1 que, para garantir que o relógio esteja na hora certa, usa o banco de dados global da Autoridade para Atribuição de Números de Internet (IANA, na sigla em inglês). A entidade define padrões numéricos na internet, como fusos horários e endereços IP.
A mudança que fez o banco de dados se adequar para o fim do horário de verão no Brasil foi liberada nos celulares Android por meio de atualização.
"Alguns celulares podem não ter recebido a informação necessária para evitar que o relógio dos aparelhos fosse alterado automaticamente", disse o Google.
Segundo a empresa, o erro aconteceu principalmente para usuários de versões anteriores ao Android 10. A partir dessa geração, o sistema recebeu um recurso que facilita a atualização do banco de dados da IANA.
O Google alerta que o erro no relógio pode voltar a acontecer no terceiro domingo de fevereiro de 2022, quando estaria previsto o fim do horário de verão se ele ainda estivesse valendo. Veja ao fim da reportagem como prevenir o erro.
Atualização lenta
A IANA disse ao g1 que seu banco de dados de fusos horários teve uma atualização em 1º de julho de 2019 para se ajustar ao fim do horário de verão no Brasil, mas indicou que nem todos os dispositivos recebem a mudança imediatamente.
"A maioria dos usuários dos dados não os obtém diretamente da IANA, mas, em vez disso, dependem de mudanças agrupadas em atualizações do sistema operacional ou dos aplicativos que usam", afirmou a autoridade.
A Conexis, entidade que representa as operadoras de celular, indicou que "as empresas realizaram testes na rede e não foram identificados problemas na alteração de horário" no último domingo. "Vale ressaltar que há alterações que não ocorrem na rede das operadoras, e sim em aplicativos externos instalados nos aparelhos", disse a associação.
De acordo com a IANA, na maioria dos casos, as atualizações no banco de dados chegam aos usuários algumas semanas depois, com a atualização do sistema operacional.
Mas a autoridade diz que, além do intervalo para os sistemas operacionais liberarem a atualização, há outros fatores a serem considerados, como a rapidez com que a fabricante do celular libera a nova versão do sistema e os usuários fazem a instalação.
"Como nem todos os usuários fazem rapidamente as atualizações mais recentes em seus sistemas, geralmente incentivamos governos e outras autoridades que definem fusos horários a considerarem oferecer pelo menos 1 ou 2 anos de aviso prévio antes de quaisquer alterações para que haja uma oportunidade maior para as alterações ser amplamente distribuído e adotado", afirmou a IANA.
Obrigação é das fabricantes
Antonio Marcos Moreiras, gerente de Projetos e Desenvolvimento do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR) e responsável pela Hora Legal Brasileira na iniciativa NTP.br, disse que a responsabilidade pela atualização no horário dos sistemas é das fabricantes.
"Quem faz a atualização dos sistemas operacionais são as fabricantes dos celulares. O Google é o desenvolvedor do Android e as diversas companhias que fabricam celulares usam o sistema, fazem suas customizações e instalam nos celulares", disse Moreiras.
Ele explicou que muitas empresas não garantem atualizações por todo o período que os smartphones permanecem em uso e apontou que o erro no relógio pode ser um indício de que faltam outras correções importantes nos aparelhos.
"Esse erro que está acontecendo é um exemplo, mas podem acontecer problemas bem piores", disse.
Segundo ele, "as atualizações são importantes para manter a segurança dos usuários", já que as fabricantes podem identificar eventuais vulnerabilidades e corrigi-las.
Como driblar o erro no relógio do celular
Segundo o Google, é possível fazer mudanças no Android para tentar impedir que o celular atrase o relógio em uma hora quando seria o fim do horário de verão. Veja como fazer:
Entre no menu "Configurações";
Selecione a opção "Sistema" e, em seguida, escolha "Data e Hora" (em alguns aparelhos, pode não ser preciso passar pelo menu "Sistema");
Desative as opções "Data e hora automáticas" e "Fuso horário automático".
Para desativar o fuso automático do relógio no iPhone, basta seguir estes passos:
Acesse a tela principal e toque na opção "Ajustes";
Toque na opção "Geral";
Toque na opção "Data e Hora";
Desabilite a opção de configuração do relógio "Automaticamente";
Configure manualmente o horário correto.