O compositor, cineasta, poeta e jornalista Torquato Pereira de Araújo Neto marcou o cenário artístico brasileiro. Nascido na capital do Piauí, Teresina, no dia 9 de novembro de 1944, ele é uma importante referência e símbolo das manifestações artísticas da vanguarda brasileira.
Confira:
1. Estudos
Aos 16 anos, mudou-se para Salvador (BA), onde estudou o segundo grau no Colégio dos Marista. Em pouco tempo, envolveu-se ativamente na cena soteropolitana, onde conheceu Gilbelto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia Glauber Rocha e José Carlos Capinam. Em 1962, foi estudar jornalismo na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, entretanto, deixou o curso após dois anos de estudos.
Sempre ligado às manifestações culturais, frequentou de forma ativa os eventos no Centro de Cultura Popular da União Nacional dos Estudantes (UNE). Como uma ponte, fez com que conhecesse outros grandes artistas e músicos nacionais.
2. Jornalista
Mesmo sem ter terminado o curso de Jornalismo, ingressou na carreira e eternizou seu nome em diversos veículos da imprensa carioca como o jornal Última Hora (onde dissertava sobre poesia, cinema e música), Correio da Manhã e Jornal dos Sports.
4. Poeta da contracultura
Ao lado de poetas como Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, o cineasta Ivan Cardoso e o artista plástico Hélio Oiticica, Torquato consolidou-se como um agente cultural e polemista defensor das manifestações artísticas de vanguarda, como a Tropicália, o cinema marginal e a poesia concreta. Nesta época, Torquato passou a ser visto como um dos participantes do Tropicalismo, tendo escrito o breviário Tropicalismo para principiantes, no qual defendeu a necessidade de criar um "pop" genuinamente brasileiro.
5. De ator a roteirista
As contribuições para o cenário artístico nacional foram múltiplas. Ainda na Bahia, fez parte da equipe do filme "Moleques de Rua", sob direção de Alvino Guimarães, que fez aflorar seu interesse pelo cinema.
Também no cinema, Torquato roteirizou vários filmes entre 1961 e 1972 como "Barravento" e "O forasteiro da cidade verde ou só matando". Em conjunto com Caetano e Capinanm, criou o roteiro do filme "Pois é", de Maria Bethânia e também roteirizou, ao lado de Caetano Veloso, o programa "Frente Única da MPB", exibido na TV Record.
Mais tarde atuou no filme "Nosferato no Brasil", dirigido por Ivan Cardoso. Outro grande sucesso foi o filme o "Terror da Vermelha", em que atuou e dirigiu. Torquato conquistou o país e hoje é um dos principais letristas do movimento Tropicália com sua criatividade, ousadia e misturas.
6. Na poesia
Na poesia, começou na edição da revista "Navilouca", famosa por expor a jovem poesia brasileira. Convidou para participar poetas como Duda Machado, Décio Pignatari, entre outros. Foi nela, que Torquato publicou as famosas poesias "das manhas em geral" e "poeta é a mãe das artes". A revista, símbolo da vanguarda brasileira, só foi publicada em 1974, após a morte de Torquato.
9. Grandes composições
Ele foi uma grande personalidade rodeada de outras grandes personalidades. Fez parceria com Gilberto Gil compondo a canção "Louvação", mais tarde, em 1966, gravada na voz de Elis Regina e Jair Rodrigues.
No ano de 1967, foi lançado o disco Domingo, de Gal Costa e Caetano Veloso com três parcerias de Torquato com os baianos: Minha Senhora, Zabelê e Nenhuma Dor. No final da década de 1960, antes da instauração do AI-5, viajou pela Europa e Estados Unidos com a esposa, Ana Maria Silva de Araújo Duarte e Hélio Oiticica. No início dos anos 1970, de volta ao Brasil, Torquato passou por momentos difíceis na carreira e na vida pessoal.
10. Eterno
Após a morte de Torquato, Caetano Veloso escreveu a canção "Cajuína", incluída no disco Cinema Transcendental. Os versos da canção relatam o encontro de Caetano com o pai de Torquato, em Teresina, algum tempo depois da morte do poeta.
Na década de 1980, a partir de 1984, as gerações mais recentes puderam apreciar o talento poético de Torquato através do seu poema, "Go Back" (1971), que, naquele ano, recebeu a primeira gravação musical do grupo Titãs, com música feita pelo tecladista e um dos cantores do grupo, Sérgio Britto.